A senhora Nora Ferrando é diretora de Cultura do município de Gualeguay. Nos últimos dias, ela vem sendo fortemente repudiada nas redes sociais, por compartilhar em seu perfil de Facebook uma publicação que defendia o uso de camisinha pelos mais pobres, com um texto claramente discriminatório.
A publicação de Ferrando, realizada no dia 27 de fevereiro, dizia: “Se você é pobre, cuide-se. Não crie filhos se você não estiver em condições de dar uma vida decente, saúde, educação, comida, amor, tempo e cuidados”.
Durante os primeiros dias, a campanha só recebeu elogios, likes e muitos compartilhamentos de amigos e colegas de partido. Nora Ferrando é militante do PRO (Proposta Republicana), o mesmo partido do empresário e ex-presidente neoliberal Mauricio Macri.
Porém, em pouco tempo, a publicação se tornou viral, e passou a ser comentada em todo o país. Então, começou a ganhar o repúdio da maioria da população.
Tamanha foi a reação negativa que, nesta quarta-feira, Nora Ferrando decidiu tirar a campanha do ar, e publicar um pedido de desculpas.
“Se a imagem que compartilhei há alguns dias atrás parecia ofensiva, não era minha intenção, e lamento que tenham interpretado dessa maneira”, escreveu a diretora, sem esclarecer qual seria a sua interpretação daquela frase.
A Cooperativa de Artistas da Província de Entre Rios, da qual faz parte o minicípio de Gualeguay, lançou um comunicado sobre o caso dizendo que se trata de “uma inconsistência triste e desagradável com relação ao momento histórico que estamos enfrentando no país”.
Além disso, o coletivo feminista Frente de Gênero Descamisadas de Gualeguay considerou que a publicação acaba sendo prejudicial às mulheres, já que são as que mais sofrem quando se estimulam campanhas de controle de natalidade.
Por isso, solicitou a aplicação urgente, para este caso, da chamada Lei Micaela, um dispositivo legal da Argentina que obriga todos os funcionários públicos a se capacitarem em questões de gênero. “Precisamos de comprometimento e responsabilidade, para que não haja mais campanhas de estigmatização da mulher e contra os setores mais pobres”, expressaram.