Um relatório apresentado nesta quarta-feira (4) ao Conselho de Direitos Humanos da ONU afirmou que “a Colômbia continua sendo o país com o maior número de ativistas sociais mortos na América Latina, e um dos maiores do mundo”.
Segundo o relator do informe, Michel Forst, “as observações que fizemos no país identificaram três tendências principais, e uma delas foi o alto número de assassinatos de líderes sociais, com mais de 1000 casos entre 2016 e 2019”.
Outro das tendências destacadas por Forst é que, além das mortes, existe também um grande número de casos de intimidação, que envolvem familiares dos ativistas. “Além disso, existe também um elemento de gênero, pois as mulheres ativistas, ou suas familiares são alvo constante de agressões, assassinatos ou também de estupros”.
A terceira e última tendência apontada pelo relator é a participação do crime organizado e de organizações paramilitares nesses crimes. “Os ativistas trabalham tentando defender suas comunidades, mas ao fazê-lo acabam se opondo aos interesses do crime organizado, dos grupos paramilitares, das economias ilegais, dos esquemas de corrupção e posse ilegal de terras, e por isso são atacados”, explica Forst.
Além do relatório de Forst e sua equipe, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha publicou um comunicado nesta mesma quarta, para expressar sua preocupação com as condições de vida das populações colombianas que vivem em zonas de conflito.
Para Christoph Harnisch, chefe da delegação da Cruz Vermelha na Colômbia, “a situação humanitária se deteriorou para a população civil. Nossas equipes documentaram no ano passado 987 violações do Direito Internacional Humanitário e outros padrões humanitários”.
No mesmo comunicado, se informou que a maioria dos casos corresponde a ameaças, homicídios, violência e recrutamento de menores. “A população civil continua a sofrer as piores consequências do conflito e da violência armada, e é preciso ter em mente que, em muitas ocasiões, as vítimas permanecem caladas”, explicou.
Mas pior mesmo é o roubo de celulares
Diante desse terrível panorama, o que disse a ministra do Interior da Colômbia, Alicia Arango? Basicamente, ela discordou do informe da ONU, mas o peculiar foi a frase que disse para expressar essa opinião. Segundo ela “são mais as pessoas que morrem neste país por roubo de celular do que por serem defensoras dos direitos humanos”.
Arango disse que o governo colombiano quer proteger os defensores dos direitos humanos, mas que o número de mortes dessas pessoas, para ela, não é tão alarmante.
“Digo isso não porque os líderes não tenham importância suficiente. Mas também devemos estar cientes do resto, mais de 12 mil colombianos que morreram e nunca tiveram uma reunião como essa para defendê-los”, reclamou a ministra.