Nesta terça-feira (31), o secretário de Estado norte-americano Mike Pompeo apresentou uma proposta com a qual o seu país pretende conseguir uma mudança de governo na Venezuela.
Segundo Pompeo, tanto o presidente em exercício, Nicolás Maduro, eleito pelos venezuelanos em 2018, quanto o líder opositor Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente com o apoio dos Estados Unidos, deveriam “renunciar”, e aceitar a conformação de um Conselho de Estado, que governaria o país até o final de 2020, quando se realizariam novas eleições presidenciais e legislativas.
O funcionário estadunidense chamou sua proposta falou de “um quadro democrático para a Venezuela”. No entanto, se pensamos na qualidade democrática dessa proposta, chama a atenção o fato de que ela é muito parecida ao governo que assumiu o poder na Bolívia em novembro de 2019, após o golpe civil-militar que derrubou Evo Morales.
Naquele então, os militares impuseram no poder a senadora Jeanine Áñez, que era vice-presidenta do Senado – a presidenta era a socialista Adriana Salvatierra, que também foi obrigada renunciar. A atual ditadora boliviana assumiu dizendo que seu governo era de transição e que não concorreria às eleições, que seriam em fevereiro. Logo, mudou a data da eleição para maio, e decidiu lançar sua candidatura. Agora, com a pandemia do coronavírus, suspendeu as eleições para uma data ainda não estipulada.
A proposta de Pompeo já havia sido adiantada, dias atrás, em um artigo do assessor internacional da Casa Branca, Elliott Abrams, publicado no Wall Street Journal. No texto, ele diz que a ideia é “ajudar os venezuelanos a escapar da crise pela atual queda nos preços do petróleo, e pelo coronavírus, que aprofundam as necessidades da população”.
Ademais, também explica que o tal Conselho de Estado seria composto por “membros eleitos que compõem a atual Assembleia Nacional, incluindo todos os partidos, chavistas e opositores”.