Relator da ONU contra a tortura pede a Trump que indulte Julian Assange

Em carta aberta ao presidente estadunidense, Nils Melzer afirma que o WikiLeaks “luta contra o secretismo e a corrupção, o que é do interesse público tanto do povo norte-americano como da humanidade como um todo”

Donald Trump e Julian Assange (foto: Express.co.uk)
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O relator especial das Nações Unidas contra a tortura, Nils Melzer, divulgou nesta terça-feira (22) uma carta aberta endereçada ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na qual pede por um indulto ao ativista australiano Julian Assange.

Criador do WikiLeaks, Assange está preso no Reino Unidos desde abril de 2019, e aguarda a conclusão de um julgamento que pode definir sua extradição aos Estados Unidos, onde enfrentaria denúncias por espionagem e crimes contra o interesse nacional, devido aos segredos militares vazados em 2011. Ele pode ser condenado a até 175 anos de prisão.

Na carta, Melzer afirma que “Assange foi arbitrariamente privado de sua liberdade nos últimos dez anos. Este é um preço alto a pagar pela coragem de publicar informações verdadeiras sobre a má conduta governamental em todo o mundo”.

“Ele (Assange) não é e nunca foi um inimigo do povo norte-americano. Sua organização WikiLeaks luta contra o secretismo e a corrupção em todo o mundo e, portanto, age no interesse público tanto do povo dos Estados Unidos quanto da humanidade como um todo”, continuou a carta do relator.

https://twitter.com/NilsMelzer/status/1341415561977327616

Melzer também argumentou que Assange não roubou a informação que publicou, e sim que “a obteve de fontes e documentos autênticos, como qualquer jornalista investigativo sério e independente faz em seu trabalho”.

Finalmente, o relator disse que um indulto ao ativista australiano seria “uma mensagem clara de justiça, verdade e humanidade por parte do governo dos Estados Unidos, ao povo norte-americano e ao mundo, e reabilitaria um homem valente que sofreu injustiça, perseguição e humilhação por mais de uma década, simplesmente por falar a verdade”.

A Justiça britânica deve decidir o futuro de Assange no 4 de janeiro de 2021.