Um estudo feito a partir dos dados da Universidade de Oxford e da Universidade Johns Hopkins revela como a Finlândia, a Noruega e Dinamarca, com regras mais relaxadas, conseguiram manter a média diária de mortes baixas (abaixo de um por um milhão) para o período de três meses, entre 1 de setembro e 30 de novembro.
Os dados foram compilados pela CNN revelam que os países tiveram tamanho êxito porque, assim que surgiu a pandemia responderam rapidamente com as medidas sanitárias de contenção do coronavírus. De acordo com os pesquisadores entrevistados pela emissora, também ajudou "uma orientação clara e a disposição dos residentes em segui-la".
Outro fator, considerado fundamental, foi a testagem em massa, o rastreamento de contato "e fornecer licença médica remunerada para ajudar a manter os surtos localizados".
A Finlândia é o destaque do levantamento. O país, no período analisado, teve a "menor média de infecções e mortes per capita da Europa nos últimos meses, mostram os dados da Johns Hopkins". O país também conseguiu conter os surtos locais "ao mesmo tempo em que seguiu algumas das restrições mais soltas do continente.
Na Finlândia, a movimentação interna não era restrita e "quem precisava podia frequentar a escola e o local de trabalho pessoalmente e o uso de máscara não era obrigatório".
Além dessas medidas, o levantamento da CNN também aponta que "fatores culturais, políticos e geográficos, como baixa densidade populacional, menos viagens e alta confiança no governo, foram úteis".
Porém, Pekka Nuorti, professor de epidemiologia da Universidade de Tampere, disse à emissora que "foi o trabalho das agências de saúde do país que fez a grande a diferença".
“Não é que não tenhamos tido surtos”, afirmou o professor Nuorti. A Finlândia teve surtos locais e eventos super contagiadores, mas as autoridades de saúde locais, coordenadas pelo governo central, foram capazes de contê-los usando dados em tempo real. No entanto, segundo Nuorti, conforme o número de casos aumenta, fica cada vez mais difícil identificar todas as fontes de transmissão.
Por sua vez, a Noruega focou a sua política de combate ao coronavírus na parcela vulnerável de sua população. O lockdown de primavera da Noruega foi o mais rígido da Escandinávia, porém, com um agravamento da saúde mental das pessoas as autoridades mudaram de posição e relaxaram algumas políticas de restrições.
Todavia, além das ações sanitárias rígidas, o governo norueguês investiu pesado em campanhas de conscientização e prevenção: foram investidos cerca de US$ 770 mil em campanhas de comunicação, informa a CNN.
A Dinamarca, assim como os seus vizinhos fronteiriços, também apostou nas campanhas de comunicação e prevenção a Covid-19. Outro fator que se assemelha a Finlândia e a Noruega é a "confiança mútua entre os residentes e o governo".
À CNN, Michael Bang Petersen, professor de psicologia política da Universidade Aarthus, disse que dois fatores determinam se as pessoas se comportam para evitar infecções. Um é a motivação: se as pessoas estão preocupadas em serem infectadas. A outra é se elas sabem exatamente o que fazer para evitar a propagação da doença, que depende da comunicação das autoridades de saúde e políticos, disse Petersen.
Porém, o governo da Dinamarca quase viu a confiança da população ruir: quando anunciou que faria o abate de milhões de visons por conta suspeita de estarem contaminados com a Covid-19, houve revolta e o governo teve de voltar atrás. Para Petersen, a unidade da confiança ficou abalada desde então.
Você pode conferir o levantamento na íntegra aqui.
Como os países nórdicos controlaram a pandemia sem lockdown?
Estudo explica como a Finlândia, Noruega e Dinamarca conseguiram, com medidas mais relaxadas, manter a média de mortes por Covid-19 baixa
Escrito en
GLOBAL
el