Um estudo realizado pela Escola de Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins em colaboração com a agência Bloomberg afirmou que este 2021, o primeiro ano das grandes campanhas de vacinação contra o coronavírus SARS-CoV-2 (causador da infecção covid-19), será marcado por sérias restrições de acesso a esses imunizantes.
Segundo a análise dos especialistas, os laboratórios devem produzir um total de 5,6 bilhões de doses entre este final de 2020 e todo o ano de 2021, o que não seria suficiente para garantir os cerca de 7,4 bilhões de doses já reservados pelos países mais ricos do mundo, em contratos estabelecidos especialmente com as grandes farmacêuticas privadas.
Isso significa que muitos países pobres teriam que esperar até meados de 2022 para receber suas primeiras doses de vacinas contra o coronavírus. O estudo indica que o número de nações que teriam que se manter em modo de espera poderia representar cerca de 20% da população mundial.
Como forma de ilustrar a situação, o estudo destaca o exemplo do Canadá, país de 37 milhões de habitantes, que comprou vacinas suficientes para ter até quatro doses por pessoa – um exagero, mesmo considerando que algumas vacinas necessitaram duas doses por pessoa para ter o efeito desejado. Em contraste a essa situação, a quantidade de doses adquirida pela Indonésia, que tem 267 milhões de habitantes, é de menos de uma vacina para cada duas pessoas.
A esperança para mudar esse quadro seria a aliança Covax, uma iniciativa da OMS (Organização Mundial da Saúde) que visa comprar vacinas de diferentes fabricantes, entre produtos de farmacêuticas privadas e projetos realizados com fundos públicos, para distribuir a essas nações com mais dificuldade de acesso aos produtos.
Entretanto, os especialistas também consideram pouco provável que a aliança Covax, mesmo que bem sucedida, consiga entregar vacinas a todos os países necessitados durante o ano de 2021.
Segundo o epidemiologista Jason Schwartz, um dos estudiosos que realizou o estudo, “os desafios logísticos do programa global de vacinação Covid-19 serão pelo menos tão difíceis quanto os desafios científicos no desenvolvimento rápido de uma vacina eficaz e segura”.