Um memorial sobre o Holocausto localizado na cidade de Orlando, na Flórida, no sudeste dos Estados Unidos – e que não tem vinculação com o Museu do Holocausto, que fica em Israel –, inaugurou neste mês de novembro uma exposição temporária para homenagear George Floyd e conscientizar sobre o caso que resultou em sua morte, em maio de 2020.
No entanto, a mostra tem provocado indignação de certos grupos nas redes sociais. Meios de comunicação estadunidenses têm repercutido a reação de muitos internautas que reclamam que o uso do espaço para homenagear uma vítima do racismo seria “inapropriado”, porque “não se pode comparar as duas coisas”.
A exposição é composta por 45 imagens realizadas pelo fotógrafo John Noltner, mostrando a reação de diferentes pessoas ao assassinato de Floyd, ocorrido no dia 25 de maio, quando o afro-estadunidense foi torturado e asfixiado até a morte pelo policial Derek Chauvin, que contou com a cumplicidade de outros três colegas durante uma ação em Minneapolis (cidade ao Norte dos Estados Unidos) por denúncia de suposto roubo.
O comentário mais forte a respeito foi do ativista de extrema-direita canadense Ezra Levant, que considerou que a mostra sobre George Floyd “banaliza e distorce o Holocausto e seus seis milhões de vítimas judias. E grotescamente implica que os policiais americanos são nazistas”.
Outros comentaristas disseram que a exposição “atenua a mensagem por trás da reparação” do genocídio ocorrido durante a Segunda Guerra Mundial sob o regime da Alemanha nazista.
“Encontre outro lugar para sua exposição. Isso está errado em muitos níveis. Mais uma vez, sou o neto de pessoas que escaparam dos nazistas. Este não é o lugar. Inacreditável”, escreveu outro internauta.
O fotógrafo John Noltner, criador da exposição, se defendeu em entrevistas à imprensa estadunidense, dizendo que “o mundo é complexo. As feridas históricas são profundas. Em toda a retórica cotidiana acalorada, esquecemos de ouvir. Espero que por meio dessas histórias e desses rostos, seja possivel entender os acontecimentos de nossos dias de uma nova maneira”.
Já a vice-diretora do memorial, Lisa Bachman, explicou que “as expressões e pensamentos de cada pessoa fotografada contam uma história que tem uma mensagem muito universal. É uma que pode nos curar e nos unir e mostra que não estamos sozinhos em nosso pensamento”.