A última promessa de Donald Trump antes da eleição presidencial desta terça-feira (3) tem a ver com um pedido do setor mais raivoso de sua militância: o mandatário garantiu que demitirá o virologista Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos e membro destacado da força-tarefa da Casa Branca no combate à pandemia de covid-19.
A decisão de despedir Fauci permite várias leituras. A primeira delas é a da vingança pessoal contra o cientista, que contrariou muitas das decisões de Trump a respeito da crise sanitária, e que também desmentiu a tentativa do Partido Republicano de usá-lo como trunfo de campanha, afirmando que o cientista, que possui grande prestígio nos Estados Unidos, defendia a reeleição do magnata.
Durante um comício realizado neste domingo (1), na Flórida, o presidente estadunidense chegou a se dizer “frustrado com a morte de 230 mil pessoas devido à pandemia”, e aludiu a “decisões politizadas” de alguns assessores da força-tarefa da Casa Branca, o que foi entendido pela multidão como uma alusão a Fauci.
Tanto que o público começou a entoar o grito de “Fire Fauci” (“demita o Fauci”), termo que também é comum nas redes sociais, replicado por seguidores de Trump na forma da hashtag #FireFauci.
Diante do clamor do público, Trump apenas sorriu e disse “não contem a ninguém ainda, mas esperem para ver o que vai acontecer depois da eleição”.
Em uma entrevista neste fim de semana ao Washington Post, Fauci voltou a desagradar Trump, ao afirmar que prevê uma nova onda de covid nos Estados Unidos, “similar à Europa, mas com mais mortes”, além de duvidar da possibilidade de que uma vacina estadunidense esteja pronta antes da chegada do inverno no hemisfério norte (em dezembro).