Obama chama Lula de "ex-líder sindical grisalho e cativante" em livro que cita visita ao Brasil

Ex-presidente dos EUA elogia feitos do governo petista, como "uma série de reformas" que ampliaram a classe média, "assegurando moradia e educação para milhões de cidadãos mais pobres"

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O ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, lançou um livro de memórias, "Uma Terra Prometida", que cita algumas impressões que tem de Lula. Obama chama o brasileiro de "ex-líder sindical grisalho e cativante" e elogia feitos de seu governo, como a ascensão de pobres para a classe média.

"O presidente brasileiro, por exemplo, Luiz Inácio Lula da Silva, tinha visitado o Salão Oval em março, causando boa impressão. Ex-líder sindical grisalho e cativante, com uma passagem pela prisão por protestar contra o governo militar, e eleito em 2002, tinha iniciado uma série de reformas pragmáticas que fizeram as taxas de crescimento do Brasil dispararem, ampliando sua classe média e assegurando moradia e educação para milhões de cidadãos mais pobres", relata Obama.

Em seguida, o ex-presidente dos EUA cita algumas das acusações de corrupção feitas contra Lula, mas chama as denúncias de "boatos".

"Constava também que tinha os escrúpulos de um chefão do Tammany Hall, e circulavam boatos de clientelismo governamental, negócios por baixo do pano e propinas na casa dos bilhões", completa.

Em outro trecho da obra, Obama relata uma viagem que fez ao Rio de Janeiro com a esposa, Michelle Obama, e sua filhas, onde falou para líderes políticos e visitou uma favela da zona oeste da cidade.

"Minha atenção estava dividida, mas eu compreendia também que a presença no Brasil era importante, em especial para os brasileiros de ascendência africana, que representavam pouco mais da metade da população do país e, como os negros nos Estados Unidos, sofriam o mesmo tipo de pobreza e de racismo profundamente enraizado —ainda que com frequência negado", afirma.

"Michelle, as meninas e eu visitamos uma grande favela na Zona Oeste do Rio, onde paramos num centro comunitário para a juventude a fim de assistir à apresentação de um grupo de capoeira e eu dei alguns chutes numa bola de futebol com alguns garotos locais", completa.

Entrevista com Bial

Em entrevista ao jornalista Pedro Bial, divulgada na madrugada desta terça-feira (17), Obama foi pressionado pelo apresentador a fazer críticas ao ex-presidente brasileiro. Bial havia questionado o ex-presidente se ele ainda achava Lula "o cara", como disse em 2009 ao encontrar o petista na reunião do G20.

“Você ainda acha que Lula é ‘o cara'?”, pergunta Bial. Obama então responde que é preciso analisar os líderes mundiais a partir da história de cada um, citando Angela Merkel e Vladmir Putin.

"Bem, com os relatos de corrupção que surgiram e que afetaram o sistema brasileiro, na época eu não sabia de todos eles. Acho que o dom que Lula tinha ao se conectar com o povo brasileiro, e ao progresso econômico que realmente aconteceu, quando ele tirou as pessoas da pobreza naquela época, são coisas que não podem ser negadas", afirma.

“Uma das coisas que eu tento fazer no livro é descrever as complexidades de todas essas figuras”, completa Obama.

https://twitter.com/GugaNoblat/status/1328568051814510598

Na entrevista, ele diz ainda que espera que o presidente eleito dos EUA, Joe Biden, restabeleça um relacionamento diferente com o Brasil na questão do clima. Ele também afirma que o presidente Jair Bolsonaro adotou uma política parecida com a de Donald Trump.

"Eu não conheço o presidente do Brasil. Eu já tinha saído quando ele assumiu o cargo. Então não quero dar uma opinião sobre alguém que não conheci. Posso dizer que, com base no que vi, as políticas dele, assim como as do Donald Trump, parecem ter minimizado a ciência da mudança climática. Isso teve consequências para eles”, afirmou. “Precisamos nos mobilizar dentro no nosso país e de forma internacional para tentar dar um fim a essa pandemia”, acrescentou.

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