Duas mulheres vencem o Prêmio Nobel de Química

Jennifer Doudna e Emmanuelle Charpentier foram escolhidas por seu trabalho de correção de alterações em doenças de base no genoma. É a terceira vez que o prêmio é exclusivo das mulheres: a primeira foi com Marie Curie, em 1911

Jennifer Doudna e Emmanuelle Charpentier (foto: divulgação)
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Duas mulheres cientistas receberam nesta quarta-feira (7) o Prêmio Nobel de Química. Elas são a estadunidense Jennifer Doudna e a francesa Emmanuelle Charpentier, especialistas em bioquímica e responsáveis pelo desenvolvimento um método para edição de genoma.

Doudna e Charpentier criaram uma tecnologia batiza como CRISPR-Cas 9, ou “tesoura molecular”, na qual conseguem editar genomas e modificar ou corrigir diretamente as alterações associadas a doenças de base no genoma, e que tem grande potencial para produzir avanços na medicina, agricultura, alimentação e proteção de espécies e biomas.

Esta é a segunda vez que o primeiro é dado exclusivamente a mulheres. A primeira vez foi em 1911, quando a polonesa Marie Curie o recebeu pelo descobrimento dos elementos rádio e polônio, além do isolamento do rádio e o estudo da natureza dos seus compostos.

Curie morreu em 1934 e não viu sua filha, a francesa Irène Joliot-Curie, ser a segunda mulher o prêmio, no ano seguinte, em um estudo feito junto com seu marido, o também cientista francês Frédéric Joliot.

A última vencedora do Século XX foi a britânica Dorothy Hodgkin, em 1964, que também venceu sozinha. Neste século atual, antes da edição de 2020, apenas duas mulheres receberam o Nobel de Química, em ambos os casos na companhia de homens: em 2009, a israelense Ada Yonath, em estudo desenvolvido com o indiano Venkatraman Ramakrishnan e o estadunidense Thomas Steitz, e em 2018, a estadunidense Frances Arnold, em trabalho em conjunto com o também norte-americano George P. Smith e o britânico Gregory Winter.

A premiação das bioquímicas neste 2020 foi saudada inclusive pelo secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), o português, António Guterres, que classificou sua descoberta como uma “conquista revolucionária”.