Nobel de Medicina cede à propaganda ocidental e não dá prêmio à vacina russa Sputnik V

Em meio a um ano totalmente dominado pela pandemia do coronavírus, e apesar de haver uma vacina produzida em tempo recorde, fundação sueca preferiu premiar trio estadunidense que descobriu vírus da hepatite C

Medalha entregue aos ganhadores do Prêmio Nobel (foto: divulgação)
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A Fundação Nobel anunciou nesta segunda-feira (5) os vencedores do Prêmio Nobel de Medicinal: são os cientistas estadunidenses Harvey Alter, Michael Houghton e Charles Rice, autores de um estudo que levou ao descobrimento do vírus da hepatite C, doença que mata 400 mil pessoas por ano em todo o mundo, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).

No entanto, a premiação causou polêmica, por ser entregue em um ano que foi praticamente dominado pela pandemia do coronavírus, que já contagiou mais de 35 milhões de pessoas e matou mais de 1 milhão em apenas 10 meses.

Além disso, e apesar do pouco tempo, a crise de saúde já foi alvo de diversos estudos, mas o mais polêmico é o fato de que ela inclusive gerou o desenvolvimento de vacinas em tempo recorde. Uma delas, a vacina russa Sputnik V, desenvolvida pelo Centro Gamaleya de Moscou e apresentada oficialmente em agosto deste ano, foi certamente uma das notícias mais repercutidas em todo o mundo neste 2020.

Mas a Fundação Nobel parece ter cedido às dúvidas que diversos meios de comunicação ocidentais têm repetido arduamente, fazendo quase uma campanha propagandística contra a vacina russa, mesmo depois que até a revista The Lancet, uma das mais prestigiadas entre as publicações especializadas em ciências, repercutiu seus resultados e não deixou dúvidas sobre seu rigor científico.

A Sputnik V passou por sua terceira e última fase de testes clínicos em setembro, e os resultados devem ser conhecidos durante este mês de outubro ou no começo de novembro. O governo da Rússia estima que iniciará a vacinação em massa da população entre o final de novembro e começo de dezembro.