A vida de Jeanine Áñez depois de deixar o cargo de presidenta da Bolívia promete não ser nada fácil. Nesta quinta-feira (29), a Assembleia Legislativa Plurinacional da Bolívia aprovou um informe elaborado por uma comissão mista, que recomenda a investigação de possíveis crimes de violação dos direitos humanos cometidos nas primeiras semanas de sua gestão, quando utilizou as forças policiais e as Forças Armadas para conter os protestos contrários ao golpe de Estado que a levou ao poder.
Áñez foi imposta no cargo no dia 12 de novembro de 2019, após o golpe civil-militar que encerrou os pouco mais de 13 anos de governo de Evo Morales. Os dias posteriores ao golpe foram de vários protestos contra as manifestações que repudiaram a vitória golpista, os quais foram contidas por forte repressão, principalmente nas cidades de Senkata, Sakaba e Yapacaní, onde os ataques policiais e militares contra os mobilizados resultou em ao menos 26 mortes.
Em declaração publicada pelo Opera Mundi, a deputada Eva Copa, presidenta a Assembleia, explicou que “o relatório será deixado para a próxima legislatura para tomar a decisão de realizar ou não o julgamento de responsabilidades, porque de acordo com a Lei 044 é necessário o apoio de dois terços para prosseguir com este ato”.
Por sua parte, Jeanine Áñez, alegou ser inocente, insinuou que o informe seria um “gesto de vingança” do MAS (Movimento Ao Socialismo, partido de Eva Copa, do ex-presidente Evo Morales e do presidente eleito Luis Arce) e pediu um “julgamento imparcial”.
“O MAS inicia processos contra mim. Sou inocente das suas acusações, somente peço uma investigação imparcial. Vou me defender e o farei na Bolívia. Minha dívida é com as famílias bolivianas, por elas entregamos auxílios, controlamos o vírus e mantivemos a democracia, aqui estou e dou a minha cara”, declarou a ditadora
Apesar do discurso de “defensora da democracia”, Áñez acrescentou um comentário no mínimo curioso à sua resposta, dizendo que estaria “enfrentando pressões para desconhecer o resultado eleitoral, de grupos que consideram que houve fraude a favor do candidato vencedor (Luis Arce)”, aos quais ela assegura que não irá ceder.
A posse de Luis Arce como presidente da Bolívia está marcada para o dia 8 de novembro.