Principal articulador do violento golpe que derrubou Evo Morales da presidência na Bolívia, Luis Fernando Camacho foi às redes sociais na noite desta terça-feira (20) reclamar da "má administração" do processo eleitoral por parte do Tribunal Superior Eleitoral da Bolívia e falou em "momento de incertezas", em sua primeira manifestação após os resultados que dão vitória a Luiz "Lucho" Arce, do Movimiento Al Socialismo (MAS), ligado ao ex-presidente.
"Estamos vivendo momentos de incerteza gerados por uma má administração do processo eleitoral por parte do TSE. Nós avisamos que remover a contagem rápida foi um erro. Essa foi nossa principal arma para detectar fraudes em 2019 e hoje não a temos", escreveu Camacho, que foi candidato pela aliança Creemos e está em terceiro lugar na contagem dos votos.
Com 86,72% dos votos apurados, Luis Arce ampliou a vantagem e tem 54,02%, à frente de Carlos Mesa, que conta 29,51%, e Camacho, que soma 14,36%.
Na nota publciada em seu Facebook, o líder golpista, que se reuniu com o chanceler brasileiro Ernesto Araújo em 2019 e teve apoio do governo Jair Bolsonaro, afirmou que não pretende deixar o país. "Não irei a lugar nenhum, nem deixarei o meu povo".
Protestos
A manifestação de Camacho, que é líder do Comitê Pró Santa Cruz, região onde explodiram as primeiras manifestações do golpe de 2019, aconteceu em meio a mobilizações por grupos de whatsapp e redes sociais que levaram cerca de 5 mil pessoas às ruas na cidade de Santa Cruz na tarde desta terça-feira (20).
A concentração dos conservadores se deu na região de El Cristo, onde Camacho reuniu os golpistas por 21 dias em 2019 - chamado por eles como Revolução Pititas.
Segundo a AFP, algumas dezenas de pessoas também protestaram nesta terça-feira em frente à sede do Tribunal Eleitoral da região central da cidade de Cochabamba, denunciando uma suposta "fraude" nas eleições vencidas pelo candidato de esquerda.