Dois dias após ser eleito presidente da Bolívia, o economista Luis Arce decidiu finalmente dar suas primeiras entrevistas, priorizando meios internacionais. Em conversa com a agência de notícias Reuters, ele foi questionado principalmente sobre o papel que seu padrinho político, o ex-presidente Evo Morales, teria no seu governo, e respondeu enfaticamente: “não terá nenhum papel”.
“No governo, sou eu que tenho que decidir quem vai formar parte da administração”, explicou o presidente eleito, agregando também que Evo Morales, “poderá retornar ao país quando quiser, porque ele é boliviano” – em alusão ao fato de que o ex-mandatário se encontra em asilo político na Argentina, devido às perseguições judiciais que vem sofrendo desde a instalação da ditadura de Jeanine Áñez no poder.
Sobre o fato de que Morales seguirá sendo o presidente do MAS (Movimento ao Socialismo, partido do qual ambos fazem parte), Arce disse que “essa influência será limitada”.
Sobre as causas judiciais contra Evo Morales na Justiça, o presidente eleito afirmou que “o direito ao devido processo legal não foi respeitado em muitos casos (…) lamento que a política tenha sido judicializada, a direita judicializou a política”.
Com respeito aos temas econômicos, e embora tenha reafirmado a criação de um auxílio contra a fome como primeira medida, Arce também assegurou que será preciso adotar medidas de austeridade. “Não há outra opção se não temos receita suficiente para cobrir nossos gastos atuais”, analisou.