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De acordo com levantamento feito pelo correspondente internacional Jamil Chade e publicado no UOL desta quarta-feira (8), os EUA gastaram US$ 6 trilhões em operações militares no Golfo, desde 2001. O valor, de acordo com cálculos do jornalista, teria resolvido a fome no mundo ou preparado o planeta para as mudanças climáticas.
Os cálculos foram realizados pelo Watson Institute da Universidade de Brown (EUA) e somaram os gastos do governo americano no Iraque, Afeganistão, Paquistão e Síria, além de operações pontuais na região.
US$ 6 trilhões
Em quase 20 anos de conflitos no Oriente Médio e no Golfo, o governo americano já destinou quase US$ 6 trilhões para financiar as operações com armas e infraestrutura, indenização de veteranos com danos físicos entre outros gastos. A conta deve crescer nos próximos anos, mesmo que haja uma retirada imediata de Bagdá, como querem os iraquianos.
No ano passado, um grupo de 34 personalidades - entre eles o fundador da Microsoft Corp. Bill Gates, o ex-Secretário Geral da ONU Ban Ki-moon e a Diretora Executiva do Banco Mundial Kristalina Georgieva - concluiu que o mundo precisaria de US$1,8 trilhão em investimentos até 2030 para lidar com as mudanças climáticas.
Num outro estudo, a FAO, braço das Nações Unidas para a alimentação mundial, estimou que, para eliminar a fome no mundo até 2030, governos precisariam investir 265 bilhões de dólares por ano através de gastos em medidas como transferências de renda, investimento público a favor dos pobres em irrigação, recursos genéticos, mecanização e estrutura.
Em dez anos, a conta não chegaria aos gastos das guerras americanas no Golfo.
Avaliações elaboradas pelo projeto Cost of War, da mesma Universidade Brown, apontaram que a cada US$ 1 milhão gasto em defesa, 6,9 empregos diretos são gerados. Mas, se o mesmo valor fosse aplicado em educação primária e secundária, a taxa de empregos gerados seria de 19,2 empregos para cada US $ 1 milhão.
Caso o dinheiro fosse usado em saúde, 14,3 empregos diretos seriam criados com US$ 1 milhão.
US$ 5 trilhões
A grande recompensa dos EUA, no entanto, vem mesmo é do petróleo. Em 2003, quando a operação foi lançada, a Casa Branca dizia que seu objetivo era a guerra contra o terror, um mundo mais seguro e a liberdade para milhões de iraquianos. O ex-presidente do Federal Reserve Bank, Alan Greenspan, deixou claro, em 2007, que a história não era bem essa.
“É politicamente inconveniente reconhecer o que todos sabem: a guerra no Iraque é, em grande parte, por conta do petróleo”, disse.
Abaixo, o resumo da conta, textualmente:
“Antes de 2003, a segunda maior reserva do mundo estava nas mãos do estado iraquiano. Quase 20 anos depois, ela está praticamente privatizada e sob o controle de empresas ocidentais. No governo americano, a estimativa é de que a reserva seja de 112 bilhões de barris. Em 2003, 90% desse volume não estava explorado. Os lucros, portanto, prometem ser bilionários por décadas.
17 anos após a invasão, a produção de petróleo do Iraque passou de menos de 1 milhão de barris por dia para 4,8 milhões. Em abril de 2019, o governo iraquiano anunciou que a receita do petróleo havia superado a marca de US$ 7 bilhões para o país.
Para a Agência Internacional de Energia, essa produção pode garantir um total de US$ 5 trilhões até 2035 em receitas.”
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