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Na manhã desta quinta-feira (16), um grupo de trabalhadores do canal público TVN (Televisão Nacional do Chile), ocupou o estúdio do programa de debates matutino “Muy Buenos Días”, que transmitia ao vivo, para fazer um protesto contra a forma como o canal vem cobrindo as manifestações no país desde o início da revolta social no país.
O grupo contava com ao menos 11 trabalhadores do canal, e trazia cartazes e bandeiras em alusão à principal demanda, que é o pedido de renúncia de toda a direção executiva do canal, toda formada por pessoas indicadas por partidos políticos. Um dos cartazes também reclamava pela “falta de informação veraz e pluralista” nos programas e telejornais da emissora.
O TVN é um canal público chileno cuja diretoria é formada por membros nomeados pelos partidos mais tradicionais do Chile, como UDI (União Democrata Independente, direita pinochetista), RN (Renovação Nacional, direita liberal), DC (Democracia Cristã, centro-direita religiosa), PPD (Partido Pela Democracia, centro-esquerda) e PS (Partido Socialista, centro-esquerda). Os partidos mais à esquerda, como o PC (Partido Comunista) e a Frente Ampla não possuem lugar nesse grupo, e muito menos os representantes da sociedade civil ou movimentos sociais.
Durante a invasão, um dos manifestantes disse: “estamos convencidos que é fundamental para o futuro da emissora ter uma nova diretoria, que permita o início de um debate público mais sério, que responda a este país que está lutando por mudanças profundas, e esse conteúdo com maior diversidade de ideias não é só um capricho nosso, é a missão pública que a lei e o estatuto desta empresa exige de nós, que aqui trabalhamos”.
Por sua parte, um dos apresentadores do programa, o jornalista Nacho Gutiérrez, disse que não tentou reagir à ocupação, porque “nós temos que dar esse espaço aos que querem falar, ainda mais sendo nossos colegas de canal, porque todos os que estamos aqui trazemos no DNA a convicção sobre o que é trabalhar numa televisão pública. Custa caro? Sim! Queremos fazer mesmo assim? Sim”.
Desde o começo da revolta social no Chile, a imprensa de uma forma geral tem sido um dos setores mais criticados durante os atos, acusada de manipular a cobertura dos protestos.
Antes de terminar a intervenção, que durou cerca de 10 minutos, um dos porta-vozes do grupo resumiu as demandas: "queremos que toda a diretoria renuncie, porque ela não representa o povo do Chile, somente os partidos políticos, e assuma uma nova diretoria, mais comprometida com o direito à informação, mais plural, com paridade de gênero e representantes de todas as regiões do país, dos povos originários e das classes artística e científica".
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— Ricardo Echeverría (@rechever) January 16, 2020