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A imagem é horrível e comovente: os corpos flutuando sem vida, abraçados, em uma das margens do Rio Bravo não mostram apenas o desfecho trágico da curta vida do migrante salvadorenho Óscar Martínez, e da ainda mais curta existência de sua filha Valeria, que não tinha sequer dois anos completos.
Este também é um retrato de uma tragédia maior, que é a crise migratória centro-americana, que ganhou todas as capas de jornais desta quarta-feira (26), e se tornou certamente uma das imagens do ano, talvez da década.
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Segundo relato da mãe, em entrevista para uma correspondente da agência Associated Press, a morte deles teria acontecido no domingo (23). Óscar teria se jogado no rio com sua filha sobre os ombros, e quando tentou ajudar sua mulher a segui-lo, a menina se atirou nas águas, levando o pai a mergulhar para tentar salvá-la. Pela imagem, pode-se deduzir que o pai colocou a filha dentro da sua camiseta, como forma de evitar que ela se afogasse.
Outra coisa que chama a atenção na imagem é seu parecido com outra fotografia que impactou o mundo, nesta década marcada por crises migratórias: a do corpo desfalecido de um menininho sírio, afogado às margens de uma praia grega, completamente ignorado pelos turistas que desfrutavam suas férias.
É importante ressaltar que o drama vivido na fronteira entre o México e os Estados Unidos não se dá somente pela agressiva política migratória adotada pela Casa Branca desde o início da administração de Donald Trump – que chantageou recentemente o México de López Obrador a adotar postura semelhante, conseguindo os resultados que queria –, mas também às diferentes crises do capitalismo em países como Honduras, El Salvador e Guatemala, de onde parte a maioria dos integrantes das diferentes e imensas caravanas migrantes.
São pessoas desesperadas, que tentam fugir da miséria e da violência em seus países, e sonham com melhores oportunidades nas grandes metrópoles do país que se apresenta como o mais desenvolvido do mundo, mesmo que isso signifique enfrentar a onda de xenofobia contra os latinos promovida pelo discurso do presidente Trump.
“Isto aqui era um barril de pólvora, uma tragédia anunciada, por tudo o que sabemos que acontece nos acampamentos de migrantes perto da fronteira”, comenta a correspondente da Associated Press, Julia Le Duc. Segundo a reportagem da agência, somente no ano passado faleceram cerca de 283 pessoas tentando cruzar a fronteira entre o México e os Estados Unidos. Na semana passada houve 9 vítimas, entre as quais 4 eram crianças.
Com informações da agência Associated Press e do jornal El País.