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Parece que as próximas eleições presidenciais na Argentina serão marcadas pela disputa dos vices mais polêmicos da história do país.
Se em maio, a surpresa veio por parte da ex-presidenta Cristina Fernández de Kirchner, que anunciou que seria vice, e não a candidata principal da sua chapa, que está sendo encabeçada por Alberto Fernández – que não é seu parente, mas foi seu ministro do Interior em 2008, e de Néstor Kirchner durante todo o seu mandato (2003-2007) –, neste mês, quem deixou o país surpreso foi o atual presidente Mauricio Macri, que esolehu o peronista Miguel Ángel Pichetto para ser vice em sua candidatura à reeleição.
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Para contextualizar a notícia, é preciso lembrar que o peronismo é um setor político bastante amplo na Argentina, com discursos voltado a defender direitos sociais e trabalhistas, mas dividido entre subsetores que estão uns mais à esquerda e outros mais à direita.
O senador Pichetto, novo vice de Macri, é um conhecido peronista mais à direita, mas é conhecido por ser um operador político que mantém boa relação com todos os setores, a ponto de ter sido chefe de bancada no Congresso de três presidentes peronistas de projetos bem diferentes, como Carlos Menem (direita), Eduardo Duhalde (centro) e Néstor Kirchner (esquerda), razão pela qual poderia ser classificado como uma espécie de Michel Temer argentino – ao menos com respeito ao seu excelente manejo das bases, ainda é cedo para falar em seus ímpetos golpistas.
O curioso é que em 2015, durante sua campanha à reeleição, uma das grandes promessas de Macri para se mostrar como “a novidade” dentro da política argentina era que ele tiraria o peronismo do poder, e usou justamente Pichetto como exemplo do que ele não queria na política, como mostra este vídeo:
A recíproca também vale como contradição para a nova chapa, já que Pichetto vinha trabalhando desde 2018 para criar um núcleo dentro do peronismo que impulsasse uma candidatura presidencial liderada por ele, e nesse sentido, criticou fortemente o governo de Macri não poucas vezes: “este governo trouxe um processo de empobrecimento da classe média e dos trabalhadores, e é preciso frear esta situação”, disse o senador, em recente evento do Partido Justicialista, legenda símbolo do peronismo.
Além disso, a escolha de Miguel Ángel Pichetto como vice de Macri pode ser lida como uma grande traição por parte dos representantes da União Cívica Radical, histórica rival dos peronistas e considerada, de 2015 até ontem, como a mais importantes aliada estratégica do PRO (Proposta Republicana, o partido macrista).
As eleições argentinas serão realizadas no final deste ano, com primeiro turno marcado para o dia 27 de outubro, e um possível segundo turno no dia 24 de novembro.