OCDE pode barrar entrada do Brasil por celebração do golpe ordenada por Bolsonaro, dizem especialistas

Entrada é articulada junto a Donald Trump, mas outros países podem recusar pedido por enxergar apologia à ditadura e traço autoritário do governo brasileiro

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Especialistas ouvidos pela revista Exame, em reportagem publicada nesta terça-feira (26), acreditam que a retomada das comemorações do golpe militar de 31 de março de 1964 podem dificultar a entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), proposta que vem sendo discutida por Jair Bolsonaro e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump Há risco de que parte dos países-membros compreendam a ordem do chefe de Estado brasileiro às Forças Armadas como um ato antidemocrático e de desrespeito aos direitos humanos. A questão é pertinente porque a adesão de novos países depende do aval unânime dos que já integram o grupo. A França, um dos 37 membros da organização, é apontada por especialistas como um dos membros que pode resistir ao aceite. Documento editado para marcar os 50 anos da OCDE , disponível no site da instituição, está definido que “os membros formam uma comunidade de nações comprometidas com os valores da democracia baseados no estado de direito e direitos humanos”. “Essas declarações [que celebram o golpe] colocam em risco todo o esforço econômico para a entrada do Brasil no órgão. É um elemento de risco político grave”, pontua um analista com conhecimento no assunto. Carolina Pedroso, professora de Relações Internacionais da Unesp, pontua, que comprovadamente, o golpe militar violou os direitos humanos. “O país pode se prejudicar se houver o entendimento de que essa apologia à ditadura é um traço autoritário do atual governo por parte dos demais membros”, diz. Segundo o relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV), grupo que analisou por mais de dois anos as violações durante os 21 anos da Ditadura Militar, o período deixou ao menos 434 mortes e mais de 200 desaparecidos. Nossa sucursal em Brasília já está em ação. A Fórum é o primeiro veículo a contratar jornalistas a partir de financiamento coletivo. E para continuar o trabalho precisamos do seu apoio. Saiba mais.