Ditadura na Bolívia já deixa 32 mortos, 832 feridos e 1.513 detidos, denuncia delegação do Parlasul

"O golpe de Estado na Bolívia tem uma forte implicação racista e contra os povos indígenas. É chocante ver a situação das pessoas que foram violentadas", diz Fernanda Melchionna (PSol-RS) que fez parte da comitiva da Comissão de Direitos Humanos do Parlamento do Mercosul que visitou o país

Comitiva da Comissão de Direitos Humanos do Parlasul reunida com movimentos populares na Bolívia (Divulgação)
Comitiva da Comissão de Direitos Humanos do Parlasul reunida com movimentos populares na Bolívia (Divulgação)
Escrito en GLOBAL el
A Comissão de Direitos Humanos do Parlamento do Mercosul (Parlasul) divulgou nesta quarta-feira (4) um relatório que denuncia que a ditadura boliviana, implantada após o golpe contra Evo Morales, já deixou 32 mortos, 832 feridos e 1.513 detidos. "O governo autoproclamado de Jeanine Añez tenta passar a imagem de que há democracia no país, mas a repressão aos opositores políticos continua extremamente forte. Nosso continente tem as cicatrizes dos golpes e ditaduras", diz a deputada Fernanda Melchionna (PSol-RS), que representou o Brasil na comitiva do Parlasul que esteve na Bolívia entre os dias 26 e 27 de novembro. A comissão também denuncia ter encontrado discursos e ataques de ódio racial dirigidos aos povos indígenas do país, principalmente a suas mulheres e seus símbolos, graves ameaças, ataque físicos e às moradias dirigidas a líderes, congressistas e dirigentes sociais, funcionários e funcionárias e dirigentes de instituições independentes do Estado, como os organismos nacionais de promoção e amparo dos direitos humanos. "Conversamos com diversos campos políticos e não há dúvidas de que o golpe de Estado na Bolívia tem uma forte implicação racista e contra os povos indígenas. É chocante ver a situação das pessoas que foram violentadas e das dezenas de figuras públicas que foram obrigadas a renunciar aos seus cargos", declara Fernanda. No relatório, a delegação da Comissão de Cidadania e Direitos humanos enviou 10 recomendações ao País: 1) O avanço no diálogo representativo de todos os atores políticos e sociais democráticos do Estado Plurinacional da Bolívia; 2) O avanço do cronograma eleitoral alcançado por acordo dos blocos da Assembleia Legislativa; 3) A devida reparação às vítimas e a promoção de justiça a seus familiares; 4) A garantia de defesa e devido processo às pessoas que continuam na prisão depois das manifestações; 5) Salvo-condutos a asilados que assim o solicitam; 6) Julgamento e castigo aos grupos de ódio e intolerância que operaram como paramilitares; 7) Uma lei de garantias constitucionais que permita a reparação da violação aos direitos e nenhum tipo de perseguição a cidadãos e cidadãs por nenhuma razão política nem de identidade; 8) A não participação das forças militares para reprimir os protestos sociais e políticas; 9) É condição fundamental para o diálogo nacional o fim imediato da repressão social, da perseguição e dos atos discriminatórios sobre os povos originários. Para isto é central que todos os setores de todo o espectro político democrático condenem imediatamente os atos de violência; 10) A conformação de uma comissão formada por distintos organismos regionais e internacionais que acompanhem o processo de restituição de todos os mecanismos constitucionais.

Temas

Reporte Error
Comunicar erro Encontrou um erro na matéria? Ajude-nos a melhorar