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Um grupo de 97 economistas e estatísticos de todo o mundo redigiu um manifesto cobrando que a Organização dos Estados Americanos (OEA) apresente provas sobre a suposta fraude eleitoral que a entidade afirma ter ocorrido na Bolívia. O texto foi publicado no jornal britânico The Guardian nesta segunda-feira (2).
"O governo de Donald Trump apoiou aberta e firmemente o golpe militar de 10 de novembro que derrubou o governo do presidente Evo Morales. Ninguém questiona que Morales foi eleito democraticamente em 2014, e que seu mandato não termina até 22 de janeiro; no entanto, muitos fora do governo Trump parecem aceitar o golpe militar apoiado por Trump", inicia o manifesto.
O texto destaca que a ideia de que "Morales roubou a eleição" ganhou espaço após a OEA emitir um informe um dia após o pleito de 20 de outubro que demonstrou "profunda preocupação e surpresa pela mudança drástica e difícil de justificar na tendencia dos resultados preliminares".
Com base nos estudos apresentados inicialmente pelo Center for Economic and Policy Research, com sede em Washington, os pesquisadores de diversas universidades do mundo rebatem a organização, dizendo que a vantagem imposta por Morales não foi "nem 'drástica', nem 'difícil de explicar'". "A explicação do aumento da margem de Morales é, portanto, bastante simples: as áreas que informaram seus votos posteriormente foram mais pró-Morales que as áreas que informaram seus votos mais cedo", dizem os especialistas.
"Fazemos um chamado à OEA para que retire suas declarações enganosas sobre as eleições, que contribuíram para o conflito político e serviram como uma das "justificativas" mais utilizadas para consumar o golpe militar. Pedimos ao Congresso dos Estados Unidos que investigue este comportamento da OEA e se oponha ao golpe militar, a seu continuo apoio por parte do Governo de Trump, assim como à continua violência e às violações aos direitos humanos do Governo de fato", cobra o manifesto.
A OEA reconheceu na última terça-feira (26), que não possui não produziu uma versão final do informe usado no golpe da Bolívia. A entidade foi cobrada pelo Centro Estratégico Latino-Americano de Geopolítica (CELAG), um relevante centro de pesquisas sobre a região.
Signatários
Entre os nomes estão os brasileiros Eleuterio Prado, professor aposentado da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da Universidade de São Paulo (USP), e Gilberto Libanio, professor da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ha-Joon Chang, diretor do Centro de Estudos de Desenvolvimento da University of Cambridge, e Thea Lee, presidente do Economic Policy Institute, também estão entre os signatários.
Leia o manifesto completo, em espanhol, aqui.