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O ex-vice presidente da Bolívia, Alvaro García Linera, denunciou em artigo publicado no jornal argentino Página 12 neste domingo (17) que as raízes do golpe de Estado na Bolívia, que forçou Evo Morales a renunciar no último domingo (10) possuem referências racistas, em especial contra os povos indígenas do país. Linera ainda ressaltou que todos os 18 mortos e 120 feridos a bala, até então, são indígenas.
O vice de Morales sustenta que o motim policial veio no exato momento em que forças populares passaram a se mobilizar para resistir ao golpe, também recuperando o controle territorial das cidades "com a presença de trabalhadores, mineiros, camponeses, indígenas e colonos urbanos".
"Agora que se tratava de reprimir os índios revoltantes, o destacamento, a arrogância e a fúria repressiva eram monumentais. O mesmo aconteceu com as Forças Armadas", escreveu Linera. "Em toda a administração do governo, nunca permitimos que os protestos civis fossem reprimidos, mesmo durante o primeiro golpe de estado civil de 2008. E agora, em plena convulsão e sem perguntar nada, eles declararam que não tinham elementos de revolta", continuou.
Em seguida, Linera denuncia o massacre contra a população indígena, protagonizado pelo "ódio racial" das Forças Armadas. "Para proteger o índio, foi necessário um decreto. Para reprimir e matar índios, bastava obedecer ao que o ódio racial e de classe ordenava. E em apenas 5 dias já existem mais de 18 mortos, 120 feridos a bala. Claro, todos eles indígenas", conclui.
Na quinta-feira (14), o governo golpista de Jeanine Añez assinou um acordo isentando as Forças Armadas de responsabilidade penal por mortos e feridos durante os protestos de rua contra o golpe. A ONU já fala em pelo menos 17 mortes decorrentes dos protestos, sendo 14 apenas nos últimos seis dias, período que sucedeu o golpe contra Evo Morales no último domingo (10).