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Do Chile, especial para a Fórum
Lágrimas, velas, abraços, fantasias e o grito de “não estamos todos, faltam os mortos”. Nesta última noite de outubro (31), enquanto muitos países do mundo comemoram o Halloween, o Dia do Saci, ou a Noite dos Mortos, no convulsionado Chile as pessoas foram às ruas para fazer uma homenagem àqueles que perderam a vida nos protestos que acontecem todos os dias no país, desde 18 de outubro.
As manifestações em homenagem às vítimas do governo se Sebastián Piñera se desenvolveram em muitas cidades do país, especialmente na capital Santiago, e nas capitais regionais, como Valparaíso, Concepción, Antofagasta e Temuco.
Em Valparaíso, os manifestantes se reuniram na Praça Aníbal Pinto e marcharam até a sede do Congresso Nacional, que fica nessa cidade. Entre os participantes da marcha estava a secretária administrativa Macarena Cáceres, que chorava com uma vela na mão enquanto caminhava. Ela trabalha em uma escola exclusiva para meninas, e conta que “as estudantes de lá participam das marchas, atuam no movimento estudantil. Eu já vi muitas delas voltando feridas, algumas graves, por lutar por uma vida melhor para a geração delas. Nunca tive que chorar pelas minhas meninas, mas por pura sorte, e nem todos têm essa sorte”.
Algumas pessoas não seguiram a marcha. Ficaram na praça onde se formou uma trilha de velas iluminando um mosaico formado com cartazes que traziam fotos, nomes e pequenas biografias das vítimas dos últimos dias. Um desses que permaneceram no local foi o estudante de jornalismo Jacobi Hadley, que disse que “o ato de hoje também é para uma reflexão, além da homenagem, porque aconteceu com eles, mas podia ter acontecido comigo, ou com a minha irmã, outro estudante, ou uma pessoa mais idosa. Nas marchas você vê pessoas de todas as idades, às vezes famílias inteiras, e todos estão sujeitos a essa violência do Estado”.
Existe uma controvérsia no país com relação ao número total de vítimas fatais durante as manifestações: o governo chileno só reconhece 23 até agora, mas organizações sociais contabilizam mais de 40. O Instituto Nacional de Direitos Humanos disse estar investigando todos os casos denunciados, não só os confirmados pelo governo, e também as centenas de violações que vão desde detenções arbitrárias, torturas, estupros, agressões e ferimentos à bala.
Observadores
Espera-se que nos próximos dias chegue ao país uma delegação de observadores enviada pela Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, a ex-presidenta chilena Michelle Bachelet. Inicialmente, a visita dos observadores iria começar no dia 28 de outubro (a última segunda-feira), mas foi adiada para uma nova data ainda não determinada. O motivo do adiamento também é desconhecido.
Assista ao vídeo:
https://youtu.be/3ooMmf50pyY