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- Andrés Manuel López Obrador venceu as eleições no México e tomará posse em 1º de dezembro. Ele foi eleito com 53,4% dos votos para presidente neste domingo 1º de julho com metade do ministério composto por mulheres. Deixou para trás o candidato da aliança “Por México al Frente” (PAN, PRD e MC), Ricardo Anaya, com 22,5% e o candidato da “Todos por México” (PRI, PVEM e NA), José Antonio Meade, com 16,1%. Ambos reconheceram o resultado eleitoral. Os maiores desafios iniciais de López Obrador serão: ganhar a confiança de um povo que confiou no voto popular, mas não se reconhece nas instituições governamentais do país, enfrentar uma onda de violência civil e política assombrosa, a corrupção (mote de sua campanha) e o vizinho Trump. Não tem o perfil de um presidente com tendência a ser uma liderança regional latino-americana, mas pode surpreender. Sua campanha eleitoral teve um curso ascendente, ele nunca caiu nas pesquisas, tornando inclusive inviável qualquer movimento de fraude dos opositores. Obrador, candidato pelo Morena (Movimento de Regeneração Nacional), venceu concorrendo pela terceira vez, sendo que nas duas eleições anteriores (2006, 2012) ele concorreu pelo PRD. Concorreu com a frente “Juntos Faremos História”, uma aliança entre Morena, PT e PES (evangélicos), derrotando décadas de poderio do PRI (desde o início do século XX), do atual presidente Peña Nieto, com um intervalo de duas gestões do PAN (2000 – 2012).
- López Obrador vai presidir com maioria no Senado e na Câmara dos Deputados. No Senado a aliança entre PT, Morena e ES ficou com 55 das 96 cadeiras, enquanto a aliança PAN, PRD e MC ficou com 27, e PRI, PVEM e NA ficaram com 13. Na Câmara dos Deputados, a aliança PT, Morena e ES ficou com 217 de 300 cadeiras, enquanto PAN, PRD e MC ficaram com 68 e PRI, PVEM, NA ficaram com 14. Sendo: Morena: Movimento de Regeneração Nacional (esquerda); PT: Partido do Trabalho (esquerda); PES: Partido do Encontro Social (evangélicos); PAN: Partido da Ação Nacional (centro-direita); PRD: Partido da Revolução Democrática (centro-esquerda); MC: Movimento Cidadão (centro); PRI: Partido Revolucionário Institucional (direita); PVEN: Partido Verde Ecológico (centro-direita); NA: Nova Aliança (centro).
- Outro fato interessante da eleição mexicana foi a derrota do PRD no governo da Cidade do México, após 20 anos de gestões sucessivas. A Cidade do México é o centro político do país, com 7,6 milhões de votantes e historicamente o território mexicano com maior participação popular nas eleições. Até mesmo López Obrador foi eleito por um período para ser chefe de governo na Cidade do México, no ano 2000. Este ano foi eleita Claudia Sheinbaum, pelo MORENA, primeira mulher a ser eleita para dirigir a cidade, outra mulher, Rosario Robles, já havia governado entre 1999 e 2000, substituindo o então governador Cárdenas. O PRD também teve uma mulher como candidata este ano, Alejandra Barrales. A nova governadora é formada em Física e é doutora em Engenharia Energética pela UNAM.
- O ex-presidente do Equador, Rafael Correa, vem enfrentando uma perseguição política muito semelhante à do ex-presidente Lula. A juíza que cuida do processo em que Correa é acusado de ter sido mandante do sequestro de um ex-deputado equatoriano, Fernando Balda, em 2012 na Colômbia, ordenou na última semana que ele se apresentasse na Secretaria da Corte Nacional de Justiça em Quito, mas em negociação com diplomatas do Equador na Bélgica, onde Correa reside atualmente, ele se apresentou na representação diplomática do Equador em Bruxelas. Após se apresentar, Correa tuitou: “Amparado pela Convenção de Viena de Relações Consulares, a Convenção Interamericana de Direitos Humanos, a jurisprudência da Corte Interamericana e a Constituição e leis da República, como equatoriano residente no exterior e no exercício dos meus direitos, me apresentei”.
- E a guerra comercial dos EUA contra o resto do mundo continua. No último final de semana foi o Canadá de Trudeau que definiu uma lista de produtos importados dos EUA que serão submetidos a tarifas especiais. O governo canadense atendeu especialmente seus produtores de aço e alumínio, principais atingidos com as novas tarifas de Trump, mas não foi tão ousado na lista, pois teme represálias ainda maiores e Trump, visto que 72% do que o Canadá exporta vai para os EUA. No mesmo movimento, a Comissão Europeia enviou carta ao Departamento de Comércio dos EUA sobre as consequências das taxações trumpianas. Na carta, os líderes europeus dizem que medidas retaliatórias da UE podem gerar prejuízos de até 294 bilhões de dólares para os EUA. Trecho do documento de alerta a Trump: “Em 2017, as empresas da UE com base nos EUA produziram cerca de 2.9 milhões de automóveis, o que corresponde a 26% da produção americana”. Trump reagiu no Twitter: “A UE é tão ruim quanto a China”.
- Começou ontem, 2 de julho, em Havana, o último ciclo de diálogos entre o governo colombiano e o ELN sob a gestão de Manuel Santos. Um novo acordo de cessar-fogo bilateral é o objetivo das negociações, mas o ELN acusa o governo da falta de reciprocidade nos pactos. Este ciclo de negociação durará 5 semanas e seu fim coincidirá com a posse do novo presidente eleito da Colômbia, Ivan Duque.
- Theresa May está sob pressão de sua bancada no Congresso britânico para o fechamento do acordo do Brexit com a União Europeia. Pelo menos trinta congressistas do partido conservador assinaram um documento em que dizem que a saída da UE deve ser absoluta, sem manter nenhum vínculo com nenhuma instituição do bloco e que qualquer adiamento da transição para além de 31 de dezembro de 2020 não será aceito.
- Estará no Brasil em 9 de julho a paquistanesa Malala Yousafzai, a mais jovem ganhadora do prêmio Nobel da paz da história. Malala foi vítima de um ataque pelo grupo Talibã em 2012 quando voltava para casa depois das aulas. Ela tinha 15 anos e defendia o direito à educação para meninas no país. Ela sobreviveu aos tiros e continuou sua militância que lhe rendeu o Nobel.
- Merkel e o ministro do interior da Alemanha (também líder do CSU), Seehofer, concordaram ontem (2) em estabelecer um “novo regime na fronteira” entre Alemanha e Áustria, com a criação de centros de trânsito para migrantes, para alocar requerentes de refúgio já registrados em outros países da UE. Eles ainda têm que negociar com o SPD, outro partido da coalizão governista. Endurecer a política de recepção aos migrantes e acabar com a migração secundária são temas que Merkel está enfrentando com prioridade por se tratar de sobrevivência do seu governo que já começa a ser atacado no parlamento pela oposição, tanto da extrema direita, como da esquerda.
- A União Europeia destinará 25,6 milhões de euros para a Espanha melhorar sua capacidade de recepção de migrantes que chegam pelo mar Mediterrâneo. Com o fechamento dos portos de outros países europeus, principalmente o da Itália, a Espanha se tornou o principal porto de entrada na Europa de migrantes que vêm pelo mar Mediterrâneo. O debate sobre a questão migratória na Europa, curiosamente está mais tenso à medida que diminui a chegada de migrantes, isso mesmo, diminui. Foi 1,82 milhão o número de pessoas que passou pelas fronteiras europeias em 2015 e 205 mil o número de 2018. De 2015 para cá, as entradas vêm diminuindo, mas vem aumentando o uso da imigração para o recrudescimento do pensamento xenófobo na Europa, base dos principais partidos da extrema direita que querem chegar ao poder nas próximas eleições. Aproveitam-se da percepção da população europeia sobre as mudanças inevitáveis nos países com a crise migratória dos anos anteriores, fazem alarde sobre novas chegadas, como com o barco Aquarius, e extraem dividendos eleitorais como no caso italiano.
- Relator especial da ONU sobre pobreza extrema e direitos humanos, Philip G. Alston apresenta os dados de que 40 milhões de pessoas vivem na pobreza nos EUA, 18,5 milhões na pobreza extrema e mais 5,3 milhões na pobreza super-extrema. A embaixadora dos EUA na ONU criticou o documento e disse que é desperdício de dinheiro da ONU investigar a pobreza “no país mais rico e livre do mundo” e que a organização devia ir investigar a pobreza no Burundi e no Congo.
- A União Africana realizou nesta segunda (2) sua 31ª Cúpula em Nouakchott, capital da Mauritânia. Os temas tratados giraram principalmente em torno das crises mais tensas neste momento no continente, como no Congo, no Sahara Ocidental e no Sudão do Sul, mas também sobre a zona de livre comércio continental (ZLEC). A reunião foi permeada por notícias de violência no Níger, onde dez soldados foram mortos pelo Boko Haram, e no Mali, onde soldados franceses foram alvos de um ataque terrorista. Em seguida ao encontro, os líderes dos países da região do Sahel (costa em árabe), que inclui Gâmbia, Senegal, Mauritânia, Mali, Burkina Faso, Argélia, Níger, Nigéria, Camarões, Chade, Sudão (sul), Sudão do Sul, Eritreia, Etiópia, Djibuti e Somália, se reuniram com o presidente francês Emmanuel Macron para discutir medidas de segurança e combate ao terrorismo na região. A benevolência europeia, simbolizada por Macron, tem tudo a ver com a tentativa desesperada da Europa de criar uma barreira de contenção para que os conflitos africanos não desaguem na costa dos países europeus no Mediterrâneo.
- Entrou em vigor no último domingo (1) na Suécia uma lei que considera estupro qualquer relação sem consentimento explícito, independente de ameaça ou uso de violência.