Em visita ao Brasil, Mike Pence pede para Temer ser mais duro com a Venezuela

Em sua coluna, Notas Internacionais, a socióloga Ana Prestes destaca os principais fatos do dia, entre eles, a visita do vice-presidente dos Estados Unidos ao país

Foto: Alan Santos/PR
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- Alexandria Ocasio-Cortez, uma mulher jovem norte-americana, de 28 anos, que há menos de um ano era apenas uma militante e atendente de bar na cidade de Nova Iorque e que no último mês de maio criticou o que ela chamou de massacre israelense sobre palestinos em Gaza, ganhou as primárias dos democratas na cidade de Nova Iorque. Alexandria venceu um experiente congressista democrata, Joe Crowley, de 56 anos, quarto mais forte democrata no congresso norte-americano e que era previsto para substituir Nancy Pelosi como líder dos democratas na Câmara dos Deputados dos EUA. Alexandria pertence ao movimento Democratic Socialists of America e é apoiadora de Bernie Sanders. - Visita de Mike Pence ao Brasil ficou marcada pelo “puxão de orelha” em Temer por não ser mais duro com a vizinha Venezuela e não promover seu isolamento de forma mais contundente. Durante a visita, Temer também assinou um decreto que promulga um acordo de “céus abertos” que põe fim aos limites de vôos entre Brasil e EUA; assinou também acordo entre os dois países para a área da previdência social, em que trabalhadores nacionais dos dois países poderão acumular tempo de trabalho nos dois países; não houve avanço nas conversas sobre a sobretaxação do aço e do alumínio brasileiro; sobre a separação de famílias brasileiras que tentam migrar para os EUA, Pence se limitou a passar uma lição de moral nos brasileiros: “se não têm condições de entrar legalmente, não venham”. - Ainda sobre Pence no Brasil, o vice passou pelo Amazonas sem ser recepcionado pelas maiores autoridades locais, o governador Amazonino Mendes e o prefeito Arthur Virgílio. Segundo as autoridades amazonenses, o protocolo do vice-presidente era absurdo, exclusivista e uma verdadeira afronta aos anfitriões. Arthur Virgílio mandou Pence para casa: “Por favor, volta para sua casa. A ACNUR reconheceu o trabalho de acolhimento aos venezuelanos feito por Manaus. Não tente me ensinar a ser solidário. Os mexicanos podem falar sobre o tratamento que seu país dá a eles”. - Atual presidente do Paraguai, Horacio Cartes, desistiu de renunciar à Presidência da República, ato necessário para tomar posse como senador. Parece confuso, mas é o que segue: Cartes foi eleito Senador nas últimas eleições, que também elegeram o novo Presidente da República. Como ele é o presidente vigente, precisaria renunciar à presidência antes da posse do novo presidente eleito, para poder assumir seu mandato de senador. Para tanto, o Congresso paraguaio precisaria aprovar seu pedido de renúncia, algo que se inviabilizou quando os parlamentares do Partido Colorado e o Presidente do Congresso, o ex-presidente golpeado, Fernando Lugo, se rebelaram contra a manobra. Neste caso, Cartes segue seu mandado de presidente até 15 de agosto, quando toma posse Mario Abdo Benítez (vencedor das eleições de 22 de abril), e em seguida é promovido a senador vitalício sem direito a voto, como ocorre com todos os que presidem o Paraguai, com exceção dos que perdem o mandato por destituição fruto de julgamento político, como é o caso de Fernando Lugo que hoje é senador com direito a voz e voto, após ter sido destituído pelo parlamento 14 meses antes do fim do seu mandato. - México entra na reta final da campanha presidencial. López Obrador (MORENA) segue na liderança das pesquisas com 51%, 24 pontos à frente do segundo colocado, o conservador Ricardo Anaya (PAN e PRD), que tem 27% das intenções. Candidato do PRI, José Antonio Meade (ex-ministro da fazenda) aparece com 19% das intenções. Além de votar para presidente, os mexicanos ainda vão eleger os integrantes do Congresso Nacional (bicameral) e mais 18 mil cargos estaduais e municipais. - Um juiz federal da Califórnia, nos EUA, emitiu na terça (26) uma decisão liminar válida para todo o território do país que impede o Governo Trump de separar crianças de seus pais na fronteira com o México. Na decisão, o juiz também ordena que todas as famílias já separadas sejam reunidas em no máximo 30 dias. Crianças de até 5 anos devem ser devolvidas em no máximo 14 dias. Pela decisão todas as crianças poderão ao menos conversar com seus pais em no máximo 10 dias. Enquanto isso, pelo menos 17 estados americanos estão processando o governo pela política de separação das crianças de suas famílias. Trump está ficando sem ambiente político e sem equipamentos físicos para continuar com a política de “tolerância zero”. - No relatório que preparou para a 15ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo, em outubro, que reúne bispos católicos de todo o mundo, o Papa Francisco tratou e nomeou a questão LGBT pela primeira vez em um documento oficial da Igreja Católica. O tema do encontro será a juventude e o que ela busca na Igreja. Documento fala de acolhimento a homossexuais. - Única sobrevivente de um acidente aéreo que matou mais de 100 pessoas em Havana, Cuba, em 18 de maio deste ano, a jovem Mailen Diaz Almaguer já deixou a UTI e está se recuperando. - Uma comemoração sui generis ocorreu ontem por conta da vitória da Coréia do Sul sobre a Alemanha na Copa do Mundo de Futebol da Rússia. No México, mais precisamente na Cidade do México, a embaixada da Coreia do Sul virou ponto de comemoração pela classificação da seleção mexicana, decorrente da vitória sul-coreana, para as oitavas de final. O próprio embaixador sul-coreano se juntou para as doses de tequila e chegou a ser carregado pelas ruas sobre os ombros dos torcedores mexicanos. Torcedores mexicanos já haviam protagonizado um outro fato curioso nessa copa, quando o Instituto de Pesquisas Geológicas e Atmosféricas do México (IIGEA) registrou em sua conta do twitter que os sensores de atividade sísmica captaram movimentação no momento em que milhões de torcedores mexicanos vibravam o gol de Hirving Lozano sobre a Alemanha no dia 17 de junho. Próximo adversário do México é o Brasil, apenas um dia após as eleições presidenciais mexicanas do próximo 1º de julho. Desejo bons resultados eleitorais para México e um bom resultado no jogo para o Brasil!