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"Tudo o que eu quero para o Natal é democracia". A frase estampava um cartaz erguido durante a manifestação em Budapeste (Hungria) neste domingo (16) que reuniu cerca de 15 mil pessoas.
O protesto, que faz parte de uma série que já dura quatro dias, é contra uma nova legislação trabalhista que permite aos empregadores exigir até 400 horas extras de trabalho anualmente dos funcionários e ainda atrasar o pagamento. A lei foi apelida de "lei dos escravos".
Os grandes atos têm como reivindicação também a renúncia do presidente Viktor Orbán por seu governo considerado populista de direita. Nas ruas, os manifestantes gritavam palavras de ordem por mais independência do poder judiciário e da imprensa - dois setores que sofrem uma forte influência do governo autocrático de Orbán.
Líderes do protestos, apoiados por parlamentares da oposição, inclusive, tentaram ler ao vivo na TV pública do país as exigências mas, depois de passarem a noite na sede da emissora, foram impedidos.
Desde que as manifestações começaram, na última quinta-feira (13), dezenas de pessoas foram detidas. O governo diz que os protestos são fruto da manipulação do bilionário estadunidense George Soros.
Governo de direita
As recentes manifestações na Hungria são as maiores desde que Viktor Orbán se elegeu pela primeira vez, em 2010, mas não são as primeiras. O atual governo, desde o começo, é considerado autocrata, com medidas autoritárias e influência direta em esferas que deveriam ser independentes.
Reeleito em abril desde ano com uma campanha marcada pelo discurso anti-imigração, Orbán é considerado por muitos analistas como um precursor de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos.
Em 2015, o presidente húngaro construiu uma cerca de arame farpado na fronteira do país com a Sérvia e a Croácia para barrar a entrada de imigrantes e ainda promoveu uma intensa campanha publicitária que alertava as pessoas sobre os "perigos" que oferecem imigrantes sírios, iraquianos e afegãos à cultura cristã da Hungria.
No ano seguinte, em 2016, Orbán foi o único líder europeu a declarar apoio a Trump ainda durante a campanha do atual presidente dos Estados Unidos.