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Após eleição dos membros da Assembléia Constituinte, governistas celebram vitória, oposicionistas protestam. Mas, quais são os resultados? E quais podem ser os reflexos?
Por Vinicius Sartorato*, colaborador da Rede Fórum de Jornalismo
Como todos acompanhamos, a Venezuela realizou neste domingo (30) a eleição dos membros da Assembléia Nacional Constituinte (ANC). Convocada pelo presidente Nicolas Maduro, a eleição dos 545 membros do novo parlamento promete potencializar elementos da Constituição Bolivariana de 1999.
Para os governistas, o evento foi a maior votação do chavismo desde 1999, já os oposicionistas chamaram de “fraude”, prometendo mais protestos.
Boicotada pela oposição, a votação ocorreu sob onda de críticas e manifestações. Apesar da tentativa governista de demonstrar normalidade, foram registrados protestos violentos, somando fatalidades – 16, segundo a Organização dos Estados Americanos (OEA).
Seguindo a "guerra de informações e versões", o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) indicou que cerca de 8 milhões de pessoas foram votar, representando cerca de 41% do eleitorado, de um total de 19 milhões de potenciais eleitores – sendo o voto facultativo. A oposição por sua vez, contestou a participação, apontando que apenas 3 milhões de pessoas teriam participado do pleito.
Resguardadas confrontações sobre a validade das versões, desde sua convocação até a realização, os resultados e reflexos imediatos foram aparecendo na Venezuela e internacionalmente.
Os principais políticos da oposição condenaram o processo. Meios de comunicações privados, seguiram a mesma linha. Internacionalmente, o governo norte-americano liderou condenações governamentais – dentre esses, somou-se o brasileiro. Esse quadro foi acompanhado pelo Parlamento Europeu, o Mercosul e a OEA. Tal situação seguiu até – de forma mais moderada – por governos de esquerda do subcontinente sul-americano, como o Chile e o Uruguai – que pediram diálogo.
Por outro lado, o governo bolivariano demonstrou força entre a população, estruturas do Estado – como as Forças Armadas, sua base parlamentar e estruturas da chamada mídia comunitária. Internacionalmente, para além de lideranças progressistas, os governos boliviano, equatoriano, cubano, nicaraguense, diversos governos caribenhos e o russo pediram que a ANC seja respeitada.
Como reflexos, veremos o impasse continuar. A campanha contra o governo venezuelano deve ser intensificada. A expectativa é que sejam estabelecidas novas sanções contra integrantes do governo. Dentre essas medidas, está a possibilidade de uma segunda suspensão do país no Mercosul, agora sob o argumento da ruptura da ordem democrática, ativando o Protocolo de Ushuaia, que pode determinar limitações comerciais e até o fechamento de fronteiras e espaço aéreo.
Um dos maiores produtores de petróleo do mundo, com grandes reservas de gás, ouro, bauxita, ferro e diamante, a Venezuela deve seguir por tempo indeterminado com o impasse.
Uma das maiores preocupações se dão pela escalada armada do conflito e uma intervenção internacional crescente de setores de inteligência militar. Desde o início de 2016, diversas fatalidades aconteceram, em especial com a “conivência cínica” do mundo. Um exemplo, foi o ato terrorista promovido pela oposição contra um comboio policial – amplamente utilizado por meios de comunicações não para criticar seus autores, mas sim para promover uma clara narrativa anti-Maduro.
*Vinicius Sartorato é sociólogo. Mestre em Políticas de Trabalho e Globalização (Universidade de Kassel – Alemanha).
Foto: Joka Madruga/ComunicaSur