PODEMOS realiza congresso e quer governar a Espanha em 2020

Escrito en GLOBAL el
Reeleito com 89% dos votos para o cargo de secretário-geral da sigla, Iglesias liderou o agrupamento que apresentou o documento político vencedor no Congresso, intitulado: "Plano 2020. Ganhar do Partido Popular, governar a Espanha, construir direitos" Por Vinicius Sartorato, colaborador da Rede Fórum Fundado em 2014, a partir da reunião de intelectuais, artistas, produtores culturais, jornalistas, sindicalistas e políticos de esquerda, o PODEMOS nasce como um pólo renovador no campo das esquerdas espanholas. Fruto desta conjunção de atores, logo tornou-se uma das principais ferramentas canalizadoras da indignação da população espanhola e de reflexão para as esquerdas do mundo. Já em sua primeira eleição para o Parlamento Europeu (2014), o recém-formado partido conquistou cinco deputados. Nas eleições das chamadas regiões autônomas e municípios (2015), a legenda seguiu obtendo vitórias importantes, demonstrando um crescimento vigoroso. Seguindo a surpreendente trajetória, nas eleições gerais de 2015 e 2016, a sigla já aparecia como a terceira força política no país - até então acostumado ao bipartidarismo entre o Partido Socialista e o Partido Popular desde a primeira eleição geral pós-ditadura (1982). Como terceira força política no parlamento espanhol, atualmente o PODEMOS possui 43 deputados e 16 senadores - em um universo de 350 deputados e 266 senadores. Atuando em bloco com o partido Esquerda Unida, entre outras formações de esquerda, no Parlamento forma o "Unidos Podemos". No Parlamento Europeu, se agrupam ao Bloco de Esquerda, que reúne partidos comunistas, socialistas, social-democratas, democratas, verdes e anticapitalistas do continente. Com quase 500.000 membros, apesar de estar localizado no campo das esquerdas, o PODEMOS é um partido difícil de ser classificado. Dentre as características principais poderíamos elencar propostas voltadas para igualdade de oportunidades, distribuição de renda, redução da jornada de trabalho, redução da pobreza – com programas como a chamada renda básica universal - bem como a nacionalização de setores estratégicos da economia, o abandono de alguns tratados de livre-comércio, sempre com uma crítica dura ao capitalismo e as elites espanholas e européias. Entre outras propostas, o PODEMOS, no âmbito social, defende o direito de decidir e referendos. Neste sentido, defendem o aborto, a igualdade entre paternidade e maternidade, a supressão de privilégios da Igreja, a promoção de energias renováveis, bem como o fechamento das usinas nucleares e um referendo sobre a independência da Catalunha. É com este perfil que o PODEMOS acabou de realizar seu congresso. Sob liderança de seu secretário-geral, Pablo Iglesias, o congresso foi realizado através de um sistema de assembleias locais e regionais, tendo a participação de mais de 150.000 pessoas - segundo dados da própria legenda. Reeleito com 89% dos votos para o cargo de secretário-geral da sigla, Iglesias liderou o agrupamento que apresentou o documento político vencedor no Congresso, intitulado: "Plano 2020. Ganhar do Partido Popular, governar a Espanha, construir direitos.". O conselho cidadão, principal órgão diretivo do partido, que teve eleição em separado, terá a liderança do coletivo liderado por Iglesias (50%), que se sobrepôs ao liderado por Iñigo Errejon (33%), deputado e porta-voz do partido entre os deputados. Um terceiro agrupamento liderado pelo eurodeputado, Miguel Urbán, obteve 13% dos votos. Neste quadro, o grupo de Pablo terá 37 membros, enquanto os de Iñigo 23 membros, diante de um universo de 62 conselheiros. Realizado Congresso, a expectativa é que o PODEMOS saia fortalecido do processo para enfrentar o governo do Partido Popular, de direita, liderado pelo 1° ministro, Mariano Rajoy. Atualmente, a Espanha passa por uma dura crise econômica e política, a qual o governo vem impondo uma rígida política de austeridade, enquanto a população tem sofrido com problemas diversos, como o separatismo, altos índices de desemprego, pobreza crescente, imigração e emigração massiva. Foto: EPA