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A informação já havia sido antecipada pela Fórum, em 2012, através de matéria de Victor Farinelli. Há uma investigação para levantar a hipótese do poeta ter sido envenenado por agentes da ditadura de Pinochet
Da Redação*
De acordo com matéria publicada pela Agência Efe, direto de Santiago, vários peritos afirmam que o poeta Pablo Neruda (na foto com Salvador Allende) não morreu de câncer. O jornalista Victor Farinelli adiantou o assunto em matéria para a Fórum, em 2012. Na época, Farinelli escreveu:
“Pablo Neruda não morreu de câncer. Esta seria a principal revelação apresentada pelo expediente ROL 1038-2011, a partir da análise dos antecedentes clínicos disponíveis e dos primeiros exames revelados pela nova exumação de seus restos mortais, que, apesar de ainda não poderem apontar com exatidão a verdadeira causa, já descartaram a versão que se manteve como oficial durante quase quarenta anos.”
Segue abaixo texto da Agência Efe publicada no último sábado:
"A caquexia está descartada. Isso está claro", disse o juiz especial Mario Carroza, que investiga as causas do falecimento do prêmio Nobel de Literatura em 1971, após se reunir com o grupo de peritos que, no entanto, ainda desconhecem a causa específica da morte.
A equipe de especialistas informou em entrevista coletiva que o poeta, opositor ao golpe militar liderado pelo general Augusto Pinochet de 11 de setembro de 1973, não morreu por causa de uma caquexia cancerosa provocada pelo câncer que sofria, como aparece em seu atestado de óbito.
O juiz Carroza afirmou que as conclusões da equipe apontam para um assunto que fundamentalmente "tem relação com uma outra toxina, que por sua vez requer outros estudos que nos permitirão ter uma conclusão definitiva".
O médico forense espanhol Aurelio Luna disse aos jornalistas que o que é "categoricamente certo" é que o atestado de óbito "não reflete a realidade do falecimento". De acordo com Luna, se tudo correr bem, dentro de um ano será possível obter uma resposta concreta e clara aos estudos de genômica bacteriana.
Desde a última terça-feira, 16 especialistas de Espanha, Estados Unidos, Dinamarca, Canadá, França e Chile compartilharam seus estudos e análises na capital chilena.
Neruda morreu em uma clínica de Santiago em 23 de setembro de 1973, poucos dias após o golpe de Estado que derrubou o governo de Salvador Allende. Em 2011, uma investigação judicial foi aberta para esclarecer se o poeta morreu por causa do câncer de próstata ou foi envenenado por agentes da ditadura de Pinochet.
Em abril de 2013, os restos mortais de Neruda foram exumados e, em novembro desse ano, um grupo de especialistas chilenos e de outros países descartou uma morte por envenenamento.
Apesar disso, o juiz Carroza manteve aberta a investigação por considerar que os resultados não eram conclusivos e ordenou um novo exame, que foi realizado no ano passado e cujos resultados foram analisados pelo painel de especialistas.
Eduardo Contreras, advogado do Partido Comunista (PC), do qual Neruda era militante, afirmou que está comprovado que na clínica Santa María, onde faleceu o poeta, foram cometidos "crimes" após o golpe de Estado de Pinochet.
Foi nessa mesma clínica que o ex-presidente Eduardo Frei Montalva (1964-1970) faleceu supostamente envenenado em 1982, após ser submetido a uma cirurgia de hérnia simples. "Na mesma clínica, no mesmo quarto, com os mesmos médicos e algumas enfermeiras, morreu Pablo Neruda", disse Contreras.
O advogado ressaltou que o poeta, membro do comitê central do PC, morreu quando se preparava para viajar ao México para realizar "trabalhos muito importantes na política", que consistia em liderar e organizar a oposição a Pinochet.
*Com informações da Agência Efe