Escrito en
GLOBAL
el
Venezuelanos elegeram novos governadores neste domingo, mas as polêmicas devem continuar.
Por Vinicius Sartorato*, colaborador da Rede Fórum de Jornalismo
Desde a eleição de Hugo Chavez (1998), a "Revolução Bolivariana" coleciona uma longa lista de conflitos, que só aumentaram com a eleição de Nicolás Maduro (2013) e a vitória da oposição na eleição parlamentar em 2015.
Seguindo uma narrativa geral, em 2017 o governo de Maduro aparece para o mundo como autoritário e desastroso economicamente. Enfrentando diversos protestos, em especial no período entre abril e julho, os adversários buscam responsabilizá-lo por cerca de 100 mortes.
Sob uma intensa guerra midiática, a Assembleia Nacional Constituinte (ANC) foi eleita com o objetivo de aprimorar a Constituição Bolivariana de 1999. Pleito boicotado pelos opositores, que apontavam um Golpe de Estado, em que o parlamento seria destituído - fato que não aconteceu.
É neste contexto, como momento preparatório e decisivo para a próxima eleição presidencial, que ocorreu neste domingo (15/10/2017) a escolha de 23 novos governadores, com aproximadamente 18 milhões de eleitores aptos, contando, inclusive, com a participação dos partidos de oposição, liderados pela Mesa da Unidade Democrática (MUD).
Segundo dados do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), os resultados apontam uma vitória dos chavistas no total nacional de votos nacional (54% x 45%) e, em termos de Estados, em que os bolivarianos teriam vencido em 17, contra 5 da oposição, em um total 23 (um estado ainda estaria em aberto).
Apesar de participar de auditorias prévias e haver acompanhamento internacional de especialistas, a oposição questionou o resultado apresentado pelo CNE. Para a MUD, a vitória do chamado Pólo Democrático (liderado pelo PSUV Chavista), é "suspeita", "duvidosa" e distante do resultado da contagem paralela por eles organizada.
Dentre os destaques, ficam os resultados das eleições dos estados de Lara e Miranda, rincões da oposição, sendo esse último estado onde ocorreu os principais atos de violência entre abril e julho, unidade federativa, governada por Henrique Capriles (um dos maiores líderes opositores).
Por fim, resta saber como serão os próximos anos: a oposição aceitará o resultado? Investirá em métodos de desestabilização? As forças internacionais intervirão concretamente no cenário? E o chavismo, logrará vencer a guerra econômica? Ao que tudo indica, Maduro ganhou um fôlego extra.
*Vinicius Sartorato é Sociólogo. Mestre em Políticas de Trabalho e Globalização (Universidade de Kassel, Alemanha)
Foto: Wikimedia Commons