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O total de pessoas deslocadas chegou em 2015 a 65,3 milhões. Trata-se da maior crise de refugiados e migração desde a 2ª Guerra Mundial. No total, existem mais pessoas forçadas a se deslocar por guerras e conflitos do que a população do Reino Unido, da França ou da Itália. Esta é a primeira vez na história em que os números de deslocamento forçado ultrapassaram a marca de 60 milhões de pessoas
Por Redação*
O total de pessoas deslocadas - homens, mulheres e crianças forçadas a deixar suas casas em razão da guerra ou de perseguições - chegou em 2015 a 65,3 milhões em todo o mundo, entre homens, mulheres e crianças, informou hoje (20) a Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). Trata-se da maior crise de refugiados e migração desde a 2ª Guerra Mundial.
O dado faz parte do relatório Tendências Globais, que registra o deslocamento forçado de populações ao redor do mundo com base em dados dos governos, de agências parceiras e da próprio Acnur. O documento foi divulgado pela Acnur por ocasião do Dia Mundial do Refugiado, celebrado hoje.
O relatório Tendências Globais, da Acnur, informa que, dos 65,3 milhões de refugiados existentes em 2015, 3,2 milhões se encontravam em países industrializados aguardando solicitações de refúgio. Cerca de 21,3 milhões de refugiados estavam em outras regiões ao redor do mundo e 40,8 milhões foram forçados a fugir de suas casas, mas continuam dentro das fronteiras de seus próprios países.
O número representa um aumento de quase 10% se comparado com o total de 59,5 milhões de pessoas deslocadas registradas em 2014. Esta é a primeira vez em que os números de deslocamento forçado ultrapassaram o marco de 60 milhões de pessoas.
Comparado com a população mundial de 7,3 bilhões de pessoas, estes números significam que um a cada 113 pessoas é hoje solicitante de refúgio, deslocado interno ou refugiado. No total, existem mais pessoas forçadas a se deslocar por guerras e conflitos do que a população do Reino Unido, da França ou da Itália.
Tendências
Segundo o documento, na maioria das regiões do mundo o deslocamento forçado tem aumentado desde meados da década de 90. Mas este crescimento se acentuou ao longo dos últimos cinco anos. Há pelo menos duas razões que explicam esta tendência: a) situações que causam grandes fluxos de refugiados estão durando mais (por exemplo, conflitos na Somália ou no Afeganistão estão agora em sua terceira e quarta décadas, respectivamente); b) novas ou antigas situações dramáticas estão ocorrendo frequentemente (o maior conflito atual é na Síria).
Europa
Ainda segundo a ONU, apenas 14% dos refugiados procuraram refúgio na União Europeia, contra 86% que estão em países de baixos e médios rendimentos fora da UE.
A Turquia, junto com o Paquistão e o Líbano, está à frente no ranking de países que mais refugiados acolheram temporariamente em 2015. Ao longo do ano, a Alemanha voltou a encabeçar a lista de países que mais pedidos de asilo aceitou, seguida dos Estados Unidos e da Suécia.
Na últimas semanas, Portugal, por exemplo, recebeu mais de 300 refugiados provenientes da Grécia e da Itália, através do programa de recolocação da União Europeia. O acolhimento dessas pessoas faz parte do compromisso assumido pelo país de receber pelo menos 4.500 refugiados até o final do ano que vem.
A Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR), organização de entidades da sociedade civil em Portugal, lançou hoje um comunicado em que afirma que, através da plataforma, o país já recebeu 28 famílias, com 125 pessoas no total, das quais 66 são crianças, acolhidas em várias cidades do país.
“Nas próximas semanas vão continuar a chegar crianças e suas famílias, em número considerável. Temos por isso que ativar todas as capacidades de acolhimento e mesmo aumentar o número de instituições anfitriãs capazes de cumprir este gesto solidário”, diz o comunicado.
Segundo o coordenador da plataforma, Rui Marques, ao longo dos últimos meses, mais de 300 organizações portuguesas e 8 mil voluntários se mobilizaram no país em solidariedade aos refugiados. Há, atualmente, seis voluntários da organização na Grécia, em Lesbos e Atenas, apoiando refugiados mais vulneráveis.
Foto de Capa: UNRWA
Com informações da Agência Brasil