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Após cortejo pelo país que durou quatro dias, em percurso em homeagem à Caravana da Liberdade, cinzas de Fidel Castro são enterradas em Santiago.
Por Camilo Toscano, do Opera Mundi
As cinzas do líder revolucionário e ex-presidente de Cuba, Fidel Castro, serão enterradas neste domingo (04/12), a partir das 7h (10h de Brasília), em cerimônia no cemitério Santa Ifigênia, na cidade de Santiago. As cinzas de Fidel serão depositadas em local próximo de onde estão os restos mortais de José Martí, um dos símbolos da independência do país dos domínios da Espanha, em 1898.
O anúncio da morte de Fidel, em 25 de novembro, silenciou Cuba. Seu corpo foi cremado na manhã do dia seguinte, e o enterro deste domingo encerra a série de atos fúnebres realizados em homenagem à memória de Fidel, como parte dos nove dias de luto decretados pelo governo cubano.
As primeiras homenagens começaram na segunda-feira (28/11), quando cubanas e cubanos da capital Havana esperaram mais de seis horas para assinar o livro com o compromisso com a Revolução Cubana e passaram pela sala fúnebre montada no Memorial José Martí, para um último adeus ao líder revolucionário.
No dia seguinte, em um grande ato que reuniu mais de 2 milhões de pessoas e chefes de governo de outros países, o povo de Cuba lotou a praça da Revolução, em frente ao memorial, para gritar as palavras que se espalharam por todo o país como um mantra: “Eu sou Fidel”. O ato se encerrou com um discurso do irmão de Fidel e atual presidente de Cuba, Raúl Castro.
Caravana da Liberdade
A partir da quarta-feira (30/11), um cortejo com as cinzas de Fidel percorreu o interior do país, numa repetição da Caravana da Liberdade, que marcou a vitória dos revolucionários que derrubaram o regime de Fulgêncio Batista, em 1959. Fazendo o percurso inverso ao da caravana, o cortejo passou por Mayaveque, Matanza, Santa Clara, Santo Espírito, Ciudad de Ávila, Camaguey, Las Tunas, Olguín e Bayamo até chegar a Santiago.
A última parada se deu em Santiago, neste sábado (03/12), onde à noite a praça Antonio Maceo foi tomada para um novo ato de massas com a presença de chefes de governo, representantes de países e personalidades, como o jogador argentino Diego Maradona e o vitorioso atleta cubano em salto em altura Javier Sotomayor. Os ex-presidentes brasileiros Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff estavam entre os que acompanharam o ato em homenagem a Fidel Castro.
O ato começou pontualmente às 19h (22h de Brasília), com a execução do hino nacional de Cuba, e se estendeu até as 20h30. A seguir, representantes de movimentos sociais e organizações de trabalhores cubanos fizeram discursos relembrando a importância de Fidel para cada um dos movimentos.
Discursaram, pela ordem: Ulisses Nascimiento, presidente da Central dos Trabalhadores de Cuba; Rafael Poso, presidente da Associação Nacional dos Pequenos Agricultores; José Carrillo Gomes, presidente da Associação de Combatentes Cubanos; Carlos Rafael Martinez, Coordenador Nacional dos Comitês de Defesa da Revolução; Tereza Boué, secretária nacional das Federação das Mulheres de Cuba; Miguel Lanza, presidente da União Nacional de Escritores e Artistas de Cuba; Jennifer Martinez, presidenta da Federação de Estudantes Universitários; e, Susely Gonzales, primeira-secretária da União da Juventude Cubana.
Raúl Castro foi o último a falar. Em seu discurso, o presidente cubano lembrou que foi Fidel quem ensinou ao país que “sim, se pode”, rementendo a diversos momentos da história recente de Cuba em que o país enfrentou dificuldades. Após a fala do presidente, foi exibido um vídeo com imagens dos momentos mais significativos de Fidel, como o apoio dado a Nelson Mandela para debelar o apartheid na África do Sul ou as ações humanitárias na área da saúde.