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Os próximos dias prometem fortes emoções para quem acompanha o desempenho da economia mundial. Os efeitos sobre a economia brasileira e o malfadado humor dos mercados devem ser imediatos. A retração no segundo trimestre, anunciada recentemente pelo IBGE, reforça a importância, para o país, das informações que virão de China, EUA e União Europeia
Por Vinicius Wu
Os próximos dias prometem fortes emoções para quem acompanha o desempenho da economia mundial. Os efeitos sobre a economia brasileira e o malfadado humor dos mercados devem ser imediatos. A retração no segundo trimestre, anunciada recentemente pelo IBGE, reforça a importância, para o país, das informações que virão de China, EUA e União Europeia. Seria recomendável aos protagonistas da política nacional um olhar mais atento ao que ocorre no cenário global.
Na próxima terça feira, a China divulgará os índices oficiais referentes ao desempenho de sua indústria e seu setor de serviços. Como as últimas notícias vindas do gigante asiático não foram nada animadoras, a expectativa frente ao anúncio de terça é enorme, em todo o mundo. Eles definirão, em grande medida, as expectativas em relação à economia chinesa nos próximos meses e influenciarão medidas econômicas em todos os continentes.
As primeiras consequências da apresentação dos números chineses, na terça, poderão ser verificadas já na próxima quinta, quando haverá reunião do Banco Central Europeu (BCE) para tratar de sua política monetária. O cenário de agravamento da situação econômica internacional e, em especial, o desempenho chinês tem pressionado o BCE no sentido da ampliação de medidas anti-inflacionárias, o que pode reforçar a desaceleração econômica já verificada no segundo trimestre na zona do euro (crescimento de 0,3% contra 0,4% no primeiro trimestre de 2015).
Já nos Estados Unidos, serão divulgadas informações sobre o mercado de trabalho (sexta-feira) e é grande a expectativa para que os números confirmem uma tendência de recuperação. Também são aguardadas notícias positivas em relação à atividade industrial e ao setor de serviços, mantendo a tendência de recuperação econômica dos EUA. Os dados dessa semana podem influenciar, significativamente, as próximas decisões do Fed (o Banco Central Norte-Americano), que ensaia uma normalização das taxas de juros no país de Obama.
Sejam quais forem os sinais emitidos pelas principais economias do planeta, ao longo dessa semana, o fato é que seguiremos diante de uma situação complexa, cujas soluções dependem de pactuações e acordos políticos impensáveis dada a tensão entre as forças políticas que se digladiam, atualmente, no país. Talvez esse seja um dos grandes gargalos econômicos do país. A crise política tem servido como impulso à crise econômica, uma vez que medidas necessárias são bloqueadas, ou sequer debatidas, em função do ambiente político.
A opção pelo “quanto pior melhor”, que parece orientar a atuação da oposição no Congresso Nacional, pode custar muito caro ao país em termos econômicos e sociais. Os próximos dias serão decisivos para a economia global e devem orientar importantes medidas em diversas partes do mundo. Mas, o Brasil poderá seguir paralisado em função de um tipo de disputa política que desconhece qualquer critério de razoabilidade.
Um país cindido, dificilmente, consegue criar as condições para enfrentar, com sucesso, um cenário tão hostil quanto o que enfrentamos atualmente. Recentemente, representantes de grandes grupos econômicos fizeram um apelo ao entendimento político, visando o enfrentamento à crise econômica. Mas, o atual desprendimento da elite política nacional de sua representação social impediu, até aqui, que esse apelo gerasse grandes resultados.
Quem sabe o agravamento da situação econômica global, associado à recessão técnica enfrentada pelo país, não criem condições para que as bases de um entendimento mínimo sejam estabelecidas? A conferir. Os próximos dias podem oferecer bons argumentos em favor dessa possibilidade.
Foto: Fernanda Carvalho/Fotos Públicas