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Apesar de os músicos brasileiros já terem negado um primeiro pedido, o líder do Pink Floyd escreveu uma nova carta para tentar convencê-los a cancelar o show como um sinal de repúdio às ocupações israelenses em territórios palestinos. Na carta, Waters conta a história de dois jovens palestinos mortos por forças israelenses que não poderão acompanhar os shows; leia
Por Redação
A pressão continua para que Gilberto Gil e Caetano Veloso cancelem o show marcado para 28 de julho na cidade de Tel Aviv, em Israel. Ainda que os músicos já tenham negado inúmeros pedidos para não fazerem a apresentação, o ex-baixista do Pink Floyd, Roger Waters, voltou a apelar para que os brasileiros desistam do show em prol da causa palestina.
Em maio, Waters havia feito um primeiro pedido, que foi ignorado pelos brasileiros. Essa semana o músico inglês escreveu uma nova carta a Gil e Caetano através do BDS (sigla para “boicote, desinvestimento e sanções”), movimento global de pressão a Israel para que desocupem os territórios palestinos.
"No mês passado eu escrevi para Caetano e Gil e não recebi nenhuma resposta, mas suponho que eles irão cruzar a linha do piquete e tocar em Tel Aviv. Que seja. Eles devem ter razões imperativas que estão guardando para si mesmos. Em minha carta a eles, eu falei sobre futebol, praias, direitos humanos e sonhos. Aqui vai uma história sobre sonhos e futebol", introduziu o cantor.
No texto, ele fala sobre dois jovens garotos palestinos - Jawhar e Halabiya - que sonhavam e ser jogadores de futebol e que foram covardemente assassinados por forças israelenses. "Assim, Caetano e Gil, Jawhar e Halabiya não estarão presentes no show de vocês em Tel Aviv. No entanto, os homens que os balearam estão livres para comparecer, se desejarem", explica.
Confira abaixo a íntegra da carta:
"Ao Editor,
No mês passado eu escrevi para Caetano e Gil e não recebi nenhuma resposta, mas suponho que eles irão cruzar a linha do piquete e tocar em Tel Aviv. Que seja. Eles devem ter razões imperativas que estão guardando para si mesmos. Em minha carta a eles, eu falei sobre futebol, praias, direitos humanos e sonhos. Aqui vai uma história sobre sonhos e futebol.
Jawhar Nasser Jawhar, 19, e Adam Abd al-Raouf Halabiya, 17, dois jovens e promissores jogadores de futebol, sonhavam em um dia jogar profissionalmente, talvez até defendendo a camisa do país deles. Em 31 de janeiro, enquanto eles caminhavam para casa, saindo de uma sessão de treinamento no Estádio de Faisal al-Husseini em al-Ram, no centro da Cisjordânia, forças israelenses abriram fogo contra eles sem aviso.
Jawhar foi atingido sete vezes em seu pé esquerdo e três vezes no direito. Halabiya foi ferido uma vez em seu pé esquerdo e uma no direito. Médicos no hospital governamental de Ramallah dizem que os dois nunca chutarão uma bola de futebol de novo; na verdade, serão necessários seis meses de tratamento antes que os médicos possam avaliar se eles poderão andar novamente.
Estes dois jovens não foram acusados de nenhum delito, e nenhum inquérito foi aberto sobre as ações dos soldados responsáveis por suas lesões incapacitantes.
Assim, Caetano e Gil, Jawhar e Halabiya não estarão presentes no show de vocês em Tel Aviv. No entanto, os homens que os balearam estão livres para comparecer, se desejarem.
Roger Waters"