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Conforme relatório, em dez anos demanda deve ser superior à quantidade de água existente em pelo menos 48 países – e conflitos podem aumentar
Por Rodrigo Gomes, da RBA
Em relatório divulgado ontem (24), a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que sejam necessários US$ 44 trilhões, investidos ao longo dos próximos 20 anos, para garantir o abastecimento de água em condições seguras para a população mundial. A partir de um estudo detalhado sobre condições econômicas, sociais, climáticas e de infraestrutura realizado em dez países – Bangladesh, Bolívia, Canadá, Indonésia, Coreia do Sul, Paquistão, Singapura, Uganda, Vietnã e Zâmbia – a entidade concluiu que, em dez anos, 2,9 bilhões de pessoas em 48 países sofrerão com falta de água.
Até 2030, a ONU estima que a necessidade por água vai aumentar 40%, ao mesmo tempo em que 25% das bacias hidrográficas dos principais rios do mundo vão sofrer reduções drásticas de volume durante vários meses dos anos. Segundo as Nações Unidas, 768 milhões de pessoas não têm acesso a água tratada, e 2,5 bilhões vivem em condições sanitárias precárias.
“Sem grandes investimentos no setor de infraestrutura de água, em breve muitas sociedades vão enfrentar desespero e conflitos sobre o recurso natural mais essencial para a vida humana”, diz um trecho do documento Água no Mundo que Queremos (disponível somente em inglês) desenvolvido em conjunto pela Universidade das Nações Unidas e pelo Escritório para o Desenvolvimento Sustentável, ambos da ONU.
Para a entidade, a principal consequência pelo não cumprimento dos objetivos será uma insegurança generalizada que levará a mais tensões e conflitos pelo mundo.
A demanda de investimento anual seria da ordem de US$ 2,2 trilhões, equivalente a cerca de 2,5% da soma das riquezas dos países que compõem a ONU. O valor corresponde a R$ 6,3 trilhões. Todo o Produto Interno Bruto brasileiro – soma das riquezas do país – atingiu R$ 4,8 trilhões, em 2013.
Ao mesmo tempo, o déficit de investimentos em saneamento no mundo cresce cerca de US$ 200 milhões ao ano e é fragilizado pela corrupção, que desvia cerca de 30% que seria aplicado em melhorias como redução de perdas de água, proteção dos mananciais, reúso e tratamento de esgotos.
Para a ONU, a corrupção no setor de saneamento ameaça a estabilidade e a própria existência de alguns países. “A corrupção, em qualquer nível, não é apenas um ato criminoso. No contexto do desenvolvimento sustentável poderia ser visto como um crime contra toda a humanidade”, defende a organização.
Entre as principais recomendações, a ONU pede que o setor da agricultura, que consome cerca de 70% do abastecimento de água do mundo, e o setor de energia (outros 15%) liderem um movimento pela eficiência e sustentabilidade dos recursos utilizados. E que os governos avancem no uso sustentável da água, na utilização de águas residuais, no tratamento de esgotos e na gestão de saneamento, além de punir com mais rigor a corrupção no setor.