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A cinco dias da votação, cenário é incerto: candidato governista é favorito e oposição disputa, voto a voto, possibilidade de levar decisão para 2o turno
Por Vanessa Martina Silva, no Opera Mundi
Seis candidatos disputam a presidência da Argentina que, pela primeira vez em 12 anos, não terá um Kirchner à sua frente. Apesar de Cristina ter que deixar a Casa Rosada em dezembro, a mudança não representa necessariamente o fim do chamado kirchnerismo. Isso porque Daniel Scioli, do governista Frente para a Vitória, mantém a vantagem apresentada por ele durante as PASO (Primárias Abertas Simultâneas Obrigatórias) e está à frente nas pesquisas de intenção de voto.
Apesar do favoritismo do atual governador de Buenos Aires, o cenário para o próximo mandato da presidência argentina não está definido. Isso porque para ser eleito no país no primeiro turno das eleições é preciso ter mais de 45% dos votos ou 40% mais 10% com relação ao segundo colocado. Assim, tanto Mauricio Macri, em segundo lugar, quando Sergio Massa, em terceiro, disputam, voto a voto, a chance de concorrer com Scioli em um eventual segundo turno. E, caso este cenário se concretize, a situação do kirchnerista seguirá indefinida, já que os eleitores de Massa e Macri podem se unir por uma mudança no caminho de governo.
Conheça os candidatos à presidência do país:
Daniel Scioli – Frente para a Vitória:
Reprodução/ Facebook
Candidato tem entre 34,3% e 38,3% dos votos, segundo pesquisa da empresa Management & Fit, divulgada no final de semana
Apoiado pela presidente Cristina Kirchner, o candidato é governador da Província de Buenos Aires desde 2007 e presidente do Partido Justicialista desde 2014. Iniciou sua carreira política em 1997, quando foi deputado pela cidade de Buenos Aires.
Entre as propostas do candidato estão dar continuidade e aprofundar as políticas sociais e redistributivas de justiça social e aumentar o investimento em ciência e tecnologia implementado pelos governos de Néstor (2003-2007) e Cristina Kirchner (2007-2015). Scioli também propõe reduzir o número de trabalhadores informais no país, promover um desenvolvimento igualitário para as províncias e municípios e aprofundar as relações de cooperação com o Mercosul (Mercado Comum do Sul) e a Unasul (União das Nações Sul Americanas).
No âmbito econômico, defende a eliminação das retenções das economias regionais e diminuir os direitos de exportação de trigo. Para o candidato, a “Argentina deve ser um paraíso produtivo e não especulativo”, como afirmou durante ato realizado com a atual presidente, Cristina Kirchner.
Maurício Macri – PRO (Proposta Republicana)
Reprodução/Facebook
Segundo a pesquisa da Management & Fit, Macri tem 25,1% dos votos e pode chegar a 29,2%
Governa a cidade de Buenos Aires desde 2007. Sua carreira política teve início em 2005, quando foi eleito deputado da nação argentina.
No âmbito econômico, defende: redução do gasto público e a diminuição da ação do Estado na economia; realização de uma reforma cambiária para a livre flutuação da moeda; reforma fiscal; eliminação dos direitos de exportação de todos os grãos, cereais e carnes e uma redução gradual de 5% por ano para a soja. Além disso, planeja eliminar o imposto para o primeiro emprego, de forma a favorecer a contratação de mão de obra e mover a economia.
“Não me sinto antikirchnerista nem anti nada, estou aqui como a maioria dos argentinos aspirando um futuro melhor”, afirmou em declarações à rádio Mitre.
Sergio Massa – Frente Renovadora
Reprodução/ Facebook
Pesquisa indica que Massa tem entre 17,1% e 21% dos votos
Prefeito da localidade de Tigre de 2007 a 2013, ocupou o gabinete do governo nacional de 2008 a 2009. Em 2013, rompeu com o kirchnerismo e criou a Frente Renovadora.
Entre suas propostas estão: redução do imposto sobre a renda dos assalariados; combate à inflação; reformulação das alianças com organismos de integração regional como Unasul e Mercosul; reforma do sistema penitenciário; eliminação dos direitos de exportação aos produtos agrários, com exceção da soja; redução da pressão tributária em 30%, o que inclui a eliminação do imposto à renda dos trabalhadores.
Margarita Stolbizer – Progressistas
Reprodução/ Facebook
Única mulher na disputa, Stolbizer tem a preferência de 3,9% do eleitorado
Eleita deputada nacional quatro vezes, sendo a primeira em 1997, a candidata diz representar os ideais do ex-presidente Raúl Alfonsín (1983-1989), presidente que deu início ao processo de abertura democrática no país.
Ela critica a chamada ao “voto útil” que polariza a votação entre os três primeiros candidatos mais bem colocados nas pesquisas de intenção de votos.
Em sua campanha, defende que deve ser dada atenção para a eleição dos deputados: “nossa aposta é que o Congresso não tenha maioria absoluta. Precisamos de representação parlamentar plural e diversificada para que o que sair ganhador construa consensos”.
Nicolás del Caño – FIT (Frente de Esquerda)
Reprodução/ Facebook
Del Caño tem 2,3% da preferência dos argentinos
Defende que em um eventual segundo turno, os argentinos votem em branco e que “de nenhuma forma” se reunirá com o futuro presidente, caso seja convocado.
Ele avalia como positiva a participação de seu partido FIT pela projeção que teve com a realização do debate presidencial. A coalizão se considera como “esquerda anticapitalista e socialista, que reúne 90% da esquerda do país”.
Entre as propostas do candidato estão: aumento do salário mínimo; fim do trabalho precarizado; eliminação do imposto sobre o salário e construção de três milhões de casas, financiadas com um imposto progressivo às grandes fortunas.
Adolfo R. Saá — Frente Compromisso Federal
Reprodução/Facebook
Saa tem 1,8% de intenção de voto
Com a vida política iniciada em 1983, Saá é senador da Nação Argentina desde 2005. Defende um programa de pleno emprego e de incentivo à produção.