O conceituado economista Yanis Varufakis assumirá a pasta das Finanças e enfrentará o desafio de amenizar a crise que há anos acomete a Grécia; dentre os doze ministros, não há nenhuma mulher
Do El Diario | Tradução por Anna Beatriz Anjos
[caption id="attachment_57999" align="alignleft" width="300"] Yanis Varufakis (Foto: www.opendemocracy.net)[/caption]Syriza anunciou, na última terça-feira (27), a lista de ministros que formarão o gabinete presidido por Alexis Tsipras. Entre todos os nomes, destaca-se o do novo ministro das Finanças, Yanis Varufakis, um renomado economista, professor em universidades estrangeiras e já muito entrevistado pelos meios de comunicação internacionais para explicar o pensamento econômico defendido pelos vencedores das eleições.
O Gabinete conta com doze membros, entre os quais não há nenhuma mulher. Há diversas vice-ministras, como Maria Kollia na pasta do Interior, Elena Kuntura no Turismo, Nadia Valavani em Finanças e Rania Anotonopulu no Emprego.
Varufakis, de 53 anos, possui dupla nacionalidade (grega e australiana), formou-se em Matemática e Estatística e se doutorou em Economia pela Universidade de Essex (Reino Unido) em 1987. Nesta instituição, foi professor de Economia, posto que também ocupou nos centros universitários de East Anglia, Cambridge, Glasgow (todas no Reino Unido), Texas (EUA) e Sidney (Austrália). Em 2000, decidiu voltar à Grécia para ensinar Teoria Econômica na Universidade de Atenas, onde permanece até hoje. Nas últimas eleições, apresentou-se como candidato nas listas do Syriza.
Entre suas atribuições como titular de Finanças do governo grego, Varufakis, junto ao restante da equipe econômica, terá o papel de negociar com a troika (União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Mundial Internacional).
Antes de se tornar assessor do Syriza, foi, de 2004 a 2006, assessor econômico no governo do social-democrata Yorgos Papandreu, do Pasok, de cujas políticas foi crítico, posteriormente. Em uma entrevista ao El Diario em 2012, deixou clara sua análise do fracasso dos partidos social-democratas. Quando questionado se os políticos do Pasok pensavam que poderia ocorrer uma crise, respondeu: "Não, eles não pensavam e não queriam sequer ouvir falar disso. Os social-democratas de toda a Europa, e mais, de todo o mundo, chegaram à catastrófica conclusão de que o capitalismo havia sido dominado, controlado, que a crise era coisa do passado, e que os interesses da sociedade seriam satisfeitos se a magia do capitalismo nunca fosse questionada. Esta é a razão principal pela qual a crise acabou com a social-democracia europeia".
Nos últimos anos, Varufakis tem participado ativamente do debate sobre a crise do euro, surgida em 2008, acerca da qual tem escrito em seus livros e ensaios. Na Espanha, a editora Capitán Swing publicou seu livro O Minotauro Global (uma análise sobre as causas da crise econômica global).
Conhecido também por colaborar como analista econômico em vários meios de comunicação – como BBC Today, CNN, Sky News, entre outros –, é também famoso por seu blogue, em que analisa o cenário político e econômico e que prometeu manter, embora com menor frequência.
No topo da hierarquia do Gabinete estará outro economista, o vice-primeiro-ministro Yanis Dragasakis, de 66 anos, que terá responsabilidade sobre as pastas econômicas e as negociações com a União Europeia.
Outro grande pilar do governo será Yorgos Stathakis, que dirigirá um ministério com múltiplas competências, cujo nome será Economia, Infraestrutura, Marinha e Turismo.
À frente do Ministério de Assuntos Exteriores estará Nikos Kotziás, que na década de 90 ocupou altos cargos no partido comunista. Posteriormente, foi conselheiro de Papandreu, do qual também se distanciou depois da assinatura do primeiro resgate, em 2010.
Defesa será a única pasta encabeçada por um membro de um partido da coalizão, o direitista e nacionalista Gregos Independentes (Anel). O titular será o líder da legenda, Panos Kamenos.
(Foto de capa: Reprodução/Facebook)