Segundo artigo do New York Times, o novo iPhone encripta os emails, fotografias, vídeos e contatos mediante um complexo algoritmo matemático que utiliza um código criado pelo usuário do aparelho, ao qual a Apple garante que não terá acesso.
Neste contexto, se, por ordem do tribunal, a empresa for notificada a ceder os dados às agências de espionagem, informará as autoridades que, para isso, será necessário descodificar o código do smartphone ou solicitá-lo ao utilizador do equipamento.
Um guia técnico da Apple garante que a descodificação pode levar “mais de cinco anos e meio, tentando todas as combinações de seis caracteres alfanuméricos do código”.
Ainda que alguns peritos contestem essa estimativa, alegando que a Apple não sabe, de fato, qual a rapidez com que os computadores da NSA descodificam senhas, o diretor do FBI, James B. Comey, já expressou a sua preocupação.
“É preocupante o fato de empresas fazerem propaganda de algo que permite às pessoas ficaram fora do alcance da lei”, frisou Comey durante uma conferência de imprensa sobre a luta contra o Estado Islâmico.
Funcionários das agências de espionagem afirmam temer que o novo smartphone da Apple seja o primeiro de uma geração de equipamentos pós-Edward Snowden com capacidade para comprometer a sua capacidade de investigação.
Até agora, a decisão sobre o tipo de dados a que o governo americano pode ter acesso tem recaído sobre o Congresso, que aprovou a Communications Assistance for Law Enforcement Act em 1994. Esta legislação prevê que as empresas de telecomunicações têm de capacitar os seus sistemas para executar uma ordem de escuta. Mas, apesar do enorme debate sobre se a lei deve ser ampliada para abranger emails e outros conteúdos, o texto ainda não foi atualizado, não contemplando os dados dos smartphones.
Executivos da Apple e da Google, que também já começou a garantir mais privacidade aos seus utilizadores, alegam que o governo dos Estados Unidos é responsável pelas medidas introduzidas. As revelações de Edward J. Snowden não só acabaram com os esforços para ampliar a lei, como também levaram os países de todo o mundo a desconfiar que cada peça americana de hardware e software - desde telefones a servidores criados pela Cisco Systems – vem equipada com "portas dos fundos" para facilitar o trabalho dos serviços de espionagem e das autoridades.
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