45 milhões de indígenas – ou 8,3% da população total da região - vivem, atualmente, na América Latina, em 826 comunidades espalhadas por dezenas de países. O dado foi divulgado nesta segunda-feira (22) pela Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, durante a 1ª Conferência Mundial sobre os Povos Indígenas.
Elaborado pela Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), o relatório "Povos Indígenas na América Latina: Progressos da Última Década e Desafios para Garantir seus Direitos", que trabalha com dados de 2010, mostra que o número de 45 milhões de indígenas representa um aumento de 49,3% em relação ao último relatório, que levantou dados do ano de 2000. Na época, foram contabilizados 30 milhões de indígenas pela América Latina divididos em 642 comunidades.
Confira o relatório, na íntegra, aqui.
De acordo com a Cepal, esse aumento se deve à melhoria da informação estatística nos últimos anos e à maior autoidentificação por parte dos povos em sua luta por reconhecimento.
Desse número total, a maior parte dos indígenas vive no México (17 milhões) e no Peru (7 milhões). A proporção em relação à população total, no entanto, é maior em países como Bolívia (62,2%) e Guatemala (41%).
O número de comunidades indígenas é maior no Brasil, que abriga 305 – 70 delas estão em risco desaparecimento físico ou cultural, de acordo com o estudo.
Além dos 45 milhões, a Cepal estima que haja ainda mais indígenas (cerca de 200 povos) em isolamento voluntário na Bolívia, Equador, Venezuela, Paraguai, Colômbia e Brasil.
Avanços
Os números divulgados através do relatório da Cepal representam, para o órgão, avanços na maioria dos países da região nesta área, principalmente em relação à demarcação e titulação de terras.
“Os movimentos indígenas estão cada vez mais atuantes e governos e setor privado têm negociado cada vez mais com eles. É preciso fortalecer o marco legal e institucional dos países para incluir os indígenas”, disse a secretária executiva da Cepal, Alicia Bárcena, que ponderou, contudo, que permanecem importantes desafios relacionados ao controle territorial, incluindo os recursos naturais. O relatório mostrou queforam detectados, entre 2010 e 2013, mais de 200 conflitos em territórios indígenas ligados a atividades extrativas de petróleo, gás e mineração.
Entre outros aspectos dos povos indígenas latino-americanos revelados pelo estudo, estão a melhoria na educação e na saúde.
Em relação à educação, houve aumento nas taxas de frequência escolar, com porcentagens de comparecimento entre 82% e 99% para crianças de 6 a 11 anos. Quanto à saúde, caiu a mortalidade infantil - as mortes de crianças menores de cinco anos reduziram-se entre 2000 e 2010 nos nove países com dados disponíveis (Costa Rica, México, Brasil, Venezuela, Equador, Panamá, Guatemala, Peru e Bolívia).
(Foto: Milton Grant/ONU)