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Para pesquisador da organização Human Rights Watch, ofensiva de Israel viola leis internacionais; segundo fontes palestinas, 75% das vítimas são civis
Por Opera Mundi,
Um representante da organização internacional Human Rights Watch condenou neste sábado (12/07) a condução da ofensiva militar israelense contra a Faixa de Gaza. Para Bill Van Esveld, pesquisador da entidade sobre o conflito árabe-israelense, ataques intencionais contra a população palestina poderiam ser classificados como “crime de guerra”, pois violam a legislação internacional ao não resguardar a vida dos civis habitantes da região.
“Segundo as leis de guerra, às quais Israel, como qualquer outra força militar, está sujeito, você não pode atirar primeiro e perguntar depois. É preciso ter certeza que você está tentando atingir o alvo legítimo. Quando há qualquer dúvida sobre a existência de civis no local, você deve abortar o disparo”, afirmou Van Esveld ao veículo RT.
Neste quinto dia da chamada Operação Margem Protetora, ou “Penhasco Sólido”, o número de mortos em Gaza chegou a 120 pessoas, segundo informam fontes de saúde palestinas. Deste total, pelo menos 75% são civis — 40% de crianças e mulheres —, afirmou Ashraf Al Kidra, ministro da Saúde em Gaza, à emissora norte-americana NBC. Feridos passam dos 900. Do outro lado, mais de 500 projéteis foram disparados da Faixa de Gaza contra o território israelense, mas até o momento não há notícias de cidadãos israelenses mortos.
Anistia Internacional
Outra entidade humanitária, a Anistia Internacional, pediu "com urgência" para que a ONU (Organização das Nações Unidas) conduza uma missão internacional e independente que investigue eventuais crimes de guerra na operação militar israelense. "A comunidade internacional não deve repetir os mesmos erros do passado, ao esperar e assistir às consequências devastadoras para civis dos dois lados", afirmou Philip Luther, um dos diretores da entidade.
A legalidade da operação militar já está sendo questionada pela ONU. Conforme explicou ontem Navi Pillay, chefe do Alto Comissário para Direitos Humanos da ONU, sob as leis internacionais, Israel deve garantir que seus ataques sejam proporcionais, evitem vítimas civis e identifiquem alvos militares e civis no solo.
Na madrugada de hoje, três palestinos morreram e cinco ficaram feridos após um bombardeio israelense atingir um grupo de pessoas nas imediações de uma mesquita. Momentos antes, conforme informou o ministro da Saúde, um centro para pessoas com deficiência foi atacado por mísseis, deixando duas vítimas e cinco feridos.
O governo israelense tem sofrido pressão de diversos líderes da comunidade internacional para chegar a uma saída negociada para o conflito que restabeleça os termos do cessar-fogo. Entretanto, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu se recusou a descartar a possibilidade de uma invasão terrestre do território — agravamento que não acontece na região desde 2009.
Escalada de violência
A escalada de violência israelense ocorreu após a morte de três adolescentes israelenses na Cisjordânia no final de junho. Como “vingança”, um jovem palestino foi queimado vivo e assassinado em Jerusalém.
Logo após a descoberta dos corpos dos três jovens, Israel iniciou uma ofensiva contra o Hamas. Aviões de guerra passaram a bombardear Gaza destruindo casas e instituições e foram realizadas execuções extrajudiciais. Até agora, quase 600 palestinos foram sequestrados e presos.
A tensão aumentou na região após anúncio, no começo de junho, do fim da cisão entre o Fatah e o Hamas, que controlam a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, respectivamente. Israel considera o Hamas um grupo terrorista e por isso suspendeu as conversas de paz que vinham sendo desenvolvidas com os palestinos com a mediação do secretário de Estado norte-americano, John Kerry.
Foto de capa: Brigada Gassan Kanafani