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Esta quinta-feira (24) apresentou queixas no Tribunal Penal Internacional e nos EUA contra nove países, acusando-os de violação do Tratado de Não-Proliferação de armas nucleares
Por Esquerda.net
[caption id="attachment_45829" align="alignleft" width="273"] O pequeno arquipélago do Pacífico foi palco de 67 testes nucleares após a 2° Guerra Mundial[/caption]
Os países alvo da queixa apresentada pelo governo das Ilhas Marshall são os cinco reconhecidos pelo Tratado de Não-Proliferação em 1968: Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido. A estes juntam-se as potências que declararam entretanto possuir arsenais nucleares – a Índia, Paquistão e Coreia do Norte – e o não declarado, Israel. Segundo a Associated Press, a queixa considera que a lei internacional obriga-os a obedecer ao Tratado.
“O nosso povo sofreu as consequências catastróficas e irreparáveis destas armas e prometemos lutar para que mais ninguém no planeta volte a sofrer estas atrocidades”, declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros do arquipélago, Tony de Brum, citado pela AP na apresentação da queixa junto do Tribunal Penal Internacioal em Haia. Uma queixa semelhante foi entregue no mesmo dia em São Francisco contra Barack Obama e os responsáveis pelas pastas de Defesa, Energia, e o organismo responsável pela segurança nuclear.
A iniciativa conta com o apoio de algumas personalidades distinguidas com o Nobel da Paz, como o sul-africano Desmond Tutu e o iraniano Shirin Ebadi. “Devemos perguntar porque é que estes líderes continuam a quebrar as suas promessas e a colocar os seus cidadãos e o mundo inteiro sob risco de uma devastação horrível”, declarou Desmond Tutu. A queixa apresentada pelas Ilhas Marshall aponta a existência de 17 mil ogivas nucleares no mundo, das quais 16 mil pertencem aos EUA e Rússia, uma quantidade mais do que suficiente para exterminar a vida no planeta.
O Tratado de Não Proliferação, assinado em 1970 e revisto em 1996, encontra-se num impasse, sem que haja nenhuma indicação no sentido da destruição de armas nucleares. Razão pela qual o arquipélago quer ver responsabilizados os Estados responsáveis pela ameaça nuclear ao planeta. As Ilhas Marshall não pedem nenhuma compensação para si próprias, embora tenham acolhido, entre 1946 e 1958, 67 testes nucleares dos Estados Unidos. Entre eles esteve o teste “Bravo”, em 1954, uma explosão equivalente à de mil bombas de Hiroshima e que resultou na maior explosão nuclear de sempre promovida Estados Unidos, contaminando a população das ilhas mais próximas. Os EUA e as Ilhas Marshall puseram em prática um programa de pagamento de compensações às vítimas dos ensaios nucleares, que vem sendo negociado ao longo dos anos.