Na "Guerra ao Terror", os EUA financiam esquadrões da morte no Quênia

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As forças de segurança do Quênia, financiadas pelos EUA, estão em uma sangrenta campanha de assassinatos e execuções extrajudiciais Por Alex Kane, em Alternet | Tradução: Vinicius Gomes As forças armadas do Quênia, recebendo milhões de dólares em ajuda e treinamento dos EUA, estão agora utilizando táticas de esquadrões da morte contra civis simpatizantes de um grupo islâmico da Somália. O grupo é o Al-Shabaab, uma grupo islamita afiliado à al-Qaeda, que se disse responsável pelo ataque mortal em um shopping da capital queniana, Nairóbi, no ano passado. O Al-Shabaab é um grupo jihadista defensor do fundamentalismo e das normas rígidas do Islã. O grupo consegue seu financiamento através de uma complexa rede estrangeira de partidários do grupo, a exportação de carvão para países do Golfo Pérsico, o comércio ilegal de marfim vindo do massacre de elefantes, por uma complexa rede, que vai desde seus partidários em terras estrangeiras e, de acordo com a ONU, o país vizinho, Eritreia – que apoiou o grupo para atingir o país rival, Etiópia. O ataque ao shopping Westgate aconteceu após a invasão queniana em 2011, na Somália, com o objetivo de combater o grupo e a instabilidade crônica do país que estava começando a interferir com os interesses econômicos do Quênia, como o rentável porto em Lamu, próximo à fronteira somali. Os soldados quenianos permanecem na Somália, junto de milhares de outras tropas filiadas à União Africana, o que gera, como consequência, o aumento do ódio do al-Shabaab contra o Quênia. Poucos dias atrás, a jornalista do Daily Beast, Margot Kiser, enviou um relato do Quênia, lançando uma luz na provável existência de esquadrões da morte quenianos, que alvejam pessoas as quais as forças de segurança do país enxergam como pregadores islâmicos simpatizantes do al-Shabaab. Kiser escreveu que ouve um aumento na taxa de assassinatos nos últimos meses. O objetivo das execuções extrajudiciais, de acordo com Kiser, é de “exterminar e intimidar pessoas que possam estar associadas ao movimento al-Shabaab, na vizinha Somália”. Líderes religiosos disseram a Kiser que forças de segurança do Quênia “estão injustamente as perseguindo, se não, executando-as sumariamente”, apesar de autoridades locais alegarem que têm informações ligando os imãs das mesquitas ao al-Shabaab. Kiser conseguiu fazer o perfil de uma vítima dos esquadrões da morte: Abubakar Shariff Ahmed, um pregador islâmico que admitiu ter recrutado jovens para fazerem guerra contra o governo queniano. Ele pregava na mesquita de Musa, supostamente associada ao extremismo islâmico. Em 2 de fevereiro, autoridades quenianas invadiram a mesquita e um confronto ali resultou na morte de oito pessoas, incluindo um policial. O pregador, Ahmed, foi morto nessa terça-feira (8), quando um carro estacionou ao seu lado e seus ocupantes o mataram usando metralhadoras. Não é certo quem exatamente foram os responsáveis, mas a suspeita recai sobre as forças de segurança do Quênia. Uma guerra suja está acontecendo nas ruas do Quênia e a tendência é que ela se intensifique. Os EUA negaram que tenham qualquer envolvimento com os esquadrões da morte, alegando terem treinado as forças do Quênia para operarem alinhadas com os direitos humanos, mas essas alegações são duvidosas. O envolvimento norte-americano com as forças antiterrorismo do Quênia é profundo: desde 2003, os EUA entregaram ao governo queniano 50 milhões para combater o terrorismo; o país é, atualmente, um dos cinco países financiados pelos EUA para combater o terror – além do fato de que os EUA, junto do Reino Unido, proveram treinamento militar às forças quenianas para combater diretamente o al-Shabaab. A alegação de nenhum envolvimento norte-americano fica ainda mais dúbias considerando que os EUA se alinhou com milícias somalis para caçar e matar membros do al-Shabaab, e por conta do extenso histórico de apoio dos EUA à esquadrões da morte em outros países (Iraque, El Salvador, Honduras, Colômbia e Vietnã), seja no contexto de Guerra Fria ou Guerra ao Terror, o suporte norte-americano à esses esquadrões permitiu que os EUA ficassem de fora enquanto outros grupos armados atingiam seus objetivos através da mais nojenta das atividades: execuções extrajudiciais.