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Com seus “aliados” agindo cada vez mais de acordo com seus próprios interesses, as campanhas "anti-alguém" de Washington tendem a falhar; desta vez, foram os estratégicos países árabes do Golfo Pérsico
Por Moon of Alabama | Tradução: Vinicius Gomes
Os Estados Unidos tem há muito tempo tentado forjar uma frente anti-Irã entre os países árabes do Golfo Pérsico. O Conselho de Cooperação do Golfo (GCC, sigla em inglês), criado em 1981, incluía Bahrein, Kuwait, Omã, Qatar, Arábia Saudita e os Emirados Árabes. O braço militar do GCC e seu escudo peninsular foram formados conforme orientação dos EUA.
“Nós gostaríamos de expandir nossa cooperação em segurança com nossos parceiros na região; trabalhando de forma coordenada com o GCC, incluindo a venda de artigos de defesa dos EUA através do GCC, como uma organização,” disse o secretário de Defesa Chuck Hagel. “Esse é um passo natural para melhorar a colaboração EUA-GCC e irá permitir ao bloco adquirir capacidades militares importantes, incluindo itens para defesa com mísseis balísticos, segurança marítima e contraterrorismo”.
Ele completou dizendo que nos últimos dez anos, a venda de equipamentos militares e armas aos países do GCC os distanciaram do Irã.
Ontem, o GCC se partiu:
A Arábia Saudita, o Bahrein e os Emirados Árabes retiraram seus embaixadores de Doha [capital do Qatar] nessa quarta-feira (5) em protesto à interferência do país em seus assuntos internos. O anúncio foi feito em conjunto.
Os três países do Golfo tomaram a decisão após os jornais reportarem ter sido uma “tempestuosa” reunião na terça-feira (4) entre os ministros de Relações Exteriores das seis nações do bloco, em Riad, na Arábia Saudita.
Os países do GCC “fizeram o máximo para contatar o Qatar, em todos os níveis, com a intenção de acordarem uma política unificada e garantir a não-interferência, direta ou indireta, em assuntos internos de quaisquer dos Estados-membros”, lia-se no anúncio conjunto.
Os países também pediram ao Qatar, um apoiador da Irmandade Muçulmana – banido na maioria dos países do Golfo – a “não apoiar qualquer partido que possa ameaçar a segurança e a estabilidade de qualquer país-membro”, citando campanhas de mídia contra eles, em particular. O anúncio enfatizou que, apesar do comprometimento do emir catariano, Sheikh Tamim bin Hamad al-Thani, com esses princípios durante uma cúpula em novembro passado, que contou com o emir do Kuwait e monarcas sauditas, o Qatar falhou em cumpri-los.
Investimentos em ações do Qatar caíram após o anúncio, mas o país ainda tem alguma vantagem, uma vez que fornece gás natural aos Emirados Árabes. Os outros dois membros, Kuwait e Omã, não chamaram seus embaixadores de volta.
O Qatar e a Arábia Saudita têm brigado em questões como: suas ligações com os “Arquivos Síria”; sobre interpretações ideológicas do Islã e também sobre a postura fanática da Arábia Saudita contra o Irã. O Omã é outro país que não adere à orientação anti-Irã, liderada pelos EUA/Arábia Saudita, dentro do GCC.
Os EUA agora têm outro grande problema de política externa nas mãos. Em todos os lugares onde eles tentar unir “aliados” em suas campanhas “anti-alguém”, os EUA parecem falhar.
Na Europa, os “aliados” dos norte-americanos estão reticentes sobre possíveis sanções à Rússia e provavelmente não seguirão a campanha anti-Rússia dos EUA; no Extremo Oriente, os “aliados” Coreia do Sul e Japão estão batendo cabeça e provavelmente não irão se unir na campanha anti-China. Com o GCC se rompendo, a campanha norte-americana anti-Irã no Golfo, provavelmente irá falhar também.
As aspirações hegemônicas da política externa estadunidense estão ameaçadas, pois seus “aliados” estão cada vez mais agindo de acordo com seus próprios interesses, ao invés de seguir a liderança, muitas vezes lunática, de Washington. Esse fato histórico ainda tem que ser compreendido pelos atores da política externa nos EUA.