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A poucos dias do início dos Jogos de Inverno, uma empresa local de controle de pestes foi contratada para exterminar os cães de rua após um deles ter interrompido o ensaio da cerimônia de abertura
Por Vinicius Gomes
[caption id="attachment_41293" align="alignleft" width="300"] Possível "extermínio" de cães de rua é mais uma polêmica que cerca o evento (Foto dezi/Shutterstock)[/caption]
Nessa segunda-feira (3), foi noticiado que oficiais russos teriam a intenção de limpar as ruas de Sochi dos milhares de cachorros que vagueiam sem dono na cidade. Às vésperas do início dos Jogos de Inverno de 2014, a notícia sobre o “extermínio” de cães por meio de uma empresa de controle de peste chamada Basya Services é mais uma em torno da polêmica que o evento está criando há meses.
O diretor-geral da empresa Alexei Sorokin descreveu a atuação da companhia como “captura e despejo” dos cachorros. O executivo não chegou a fornecer maiores detalhes se os cães levam tiro ou são envenenados, nem o que é feito com seus restos.
“Um cachorro entrou correndo no Fisht Stadium, nós o retiramos”, disse Sorokin a respeito do ensaio da cerimônia de abertura na semana passada. “Deus me livre algo desse tipo aconteça na cerimônia verdadeira. Isso será uma desgraça para o país inteiro”, conclui ele.
A paradoxal preocupação com a imagem do país ao proteger a solenidade da cerimônia em detrimento da vida dos cães de rua parece andar em linha com tudo o que cerca as Olimpíadas de Sochi. Na semana passada, o prefeito da cidade, Anatoly Pakhomov, afirmou que não existem homossexuais na cidade, pelo fato de a homossexualidade "não ser aceita no Cáucaso" – região onde está a cidade.
Outra questão polêmica seria a corrupção envolvendo o megaevento. Há denúncias de que os Jogos de Sochi são os mais caros da história – na realidade, mais custosos que todas as outras Olimpíadas de Inverno combinadas –, com 51 bilhões de dólares de gastos para serem realizados, cerca de 400% a mais do que o inicialmente planejado.
Em uma recente publicação, o The Nation, realizou uma matéria revelando alguns dos segredos sobre os custos humanos e ambientais do evento. “Locais de despejos ilegais, desapropriação de residentes, violência contra ativistas locais: Sochi tem de tudo”, lia o olho do texto.
Apesar de tudo isso, o país continua em contagem regressiva para seu início nessa sexta-feira (7) e, se depender de Alexei Sorokin, sem o risco de nenhum turista encontrar os “lixos biológicos” dos cães de rua. “Sou a favor do direito das pessoas andarem pelas ruas sem temerem ser atacadas por matilhas de cães”, disse o preocupado executivo.