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Nesta quinta-feira, o colunista Carlo Strenger, do jornal Ha´aretz, escreveu sobre o "show de horror" do ministro e da "retirada de Israel do mundo civilizado". A acusação de "antissemitismo" a quem criticar as políticas de ocupação sobre a Palestina volta a estar em foco
Por Moara Crivelente, em Vermelho
[caption id="attachment_42314" align="alignleft" width="472"] Ministro da Economia de Israel, Naftali Bennett, do partido ortodoxo e colonizador Lar Judeu, durante discurso no Parlamento israelense (Knesset).
Foto: Emil Salman / Haaretz[/caption] “O partido Lar Judeu, de Naftali Bennett, e o resto da extrema-direita de Israel tem, claramente, um novo plano político: defender a retirada – não da Cisjordânia, mas do mundo civilizado”, escreve Strenger. O colunista refere-se às recentes tensões levantadas pelo grupo extremista de Bennett, primeiro contra o secretário de Estado John Kerry – que apesar de ter “advertido” Israel sobre o seu isolamento do mundo, continua se afirmando como aliado incondicional – e nesta semana, contra o presidente do Parlamento Europeu, o alemão Martin Schulz, igualmente aliado, mas que cometeu a “gafe” de mencionar a ocupação durante um discurso no Parlamento israelense (Knesset).
Foto: Emil Salman / Haaretz[/caption] “O partido Lar Judeu, de Naftali Bennett, e o resto da extrema-direita de Israel tem, claramente, um novo plano político: defender a retirada – não da Cisjordânia, mas do mundo civilizado”, escreve Strenger. O colunista refere-se às recentes tensões levantadas pelo grupo extremista de Bennett, primeiro contra o secretário de Estado John Kerry – que apesar de ter “advertido” Israel sobre o seu isolamento do mundo, continua se afirmando como aliado incondicional – e nesta semana, contra o presidente do Parlamento Europeu, o alemão Martin Schulz, igualmente aliado, mas que cometeu a “gafe” de mencionar a ocupação durante um discurso no Parlamento israelense (Knesset).
Bennett e outros parlamentares deixaram o Parlamento em protesto pela fala de Schulz e, depois, acusaram-no de ser “enviesado”, anti-Israel e antissemita. Esta é a reação oficial a qualquer um que critique as políticas dos sucessivos governos colonialistas, inclusive a judeus e israelenses, acusados de traição.No caso de Schulz, mais uma vez, usando a tragédia do Holocausto judeu, como é usual para os extremistas israelenses, o parlamentar Motti Yogev, também do Lar Judeu gritou em alemão – de acordo com a narração de Bennett em sua página do Facebook – que o representante europeu apoia aqueles que defendem o extermínio de judeus.Strenger enfatiza, entretanto, que o discurso do presidente do Parlamento Europeu foi uma declaração de amizade – bastante precisada, em tempos de isolamento crescente – em meio a ressalvas sobre a ocupação dos territórios palestinos. Schulz falou do direito palestino à autodeterminação, da dificuldade imposta à diplomacia pela expansão das colônias e da diferença no acesso à água entre palestinos e os colonos israelenses, mais especificamente. Como disse Noam Sheizaf, jornalista israelense, em artigo para a revista eletrônica e independente +972 Magazine, a realidade também é acusada de antissemitismo, entretanto.
Da mesma forma, Strenger escreve: “Bennett e companhia têm um princípio simples: a crítica sobre suas perspectivas de inimigos de Israel é obviamente irrelevante, porque vem dos inimigos de Israel. E a crítica dos amigos de Israel é inaceitável, porque eles devem aplaudir qualquer coisa que a extrema direita de Israel inventar.”
Como lembra o colunista, o grupo político de Bennett – não apenas no Lar Judeu mas em também em outros partidos, como o próprio Likud, do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu – diz ao povo israelense que ser Israel simplesmente anexar a região já sob o controle militar da Cisjordânia (a maior parte do território, a Área C) e deixar os palestinos administrarem o restante, não será acusado de manter um regime de segregação e, de quebra, terá cerca de 60% do território.
Para Strenger, “Bennett e o resto da extrema-direita de Israel não se dão conta de algo muito simples: o holocausto não exige moralmente que a União Europeia e os alemães que nasceram décadas depois disso apoiem Israel em qualquer circunstância. Israel não pode tratar seus aliados europeus com uma falta de civilidade desavergonhada e esperar que esta amizade não seja danificada."
“Abusar da carta do holocausto tem apenas um efeito: Cada vez mais partes do mundo livre estão começando a sentir que Israel não é mais parte dele,” conclui.
Com informações do Ha'aretz e da +972 Magazine