Escrito en
GLOBAL
el
“Quem já sofreu isso, sabe que uma bomba não atinge só o governo. Morrem inocentes e culpados”, diz Sheikh Jihad Hammadeh
Por Kelly Oliveira, da Agência Brasil
Leia também:
Síria, um filme repetido
“Obscenidades morais” na Síria
O anúncio do presidente Barack Obama de que os Estados Unidos estão prontos para uma intervenção militar na Síria gera receio de que mais inocentes morram, disse hoje (31) o presidente do Conselho de Ética da União Nacional das Entidades Islâmicas, Sheikh Jihad Hammadeh.
Para Hammadeh, os Estados Unidos assistiram à morte de milhares de inocentes, anteriormente, e não fizeram nada. “Somente agora fizeram um discurso mais forte”, ressaltou. Para ele, os Estados Unidos só agiram agora para defender seus próprios interesses. “É como se o país consentisse a matança em massa, mas não o uso de armas químicas”, explicou.
[caption id="attachment_30047" align="alignright" width="360"] Veículos bombardeados em Aleppo, na Síria (Reprodução)[/caption]
Hammadeh defendeu outras estratégias contra o governo sírio, em vez da intervenção militar. Para ele, os Estados Unidos poderiam ajudar rebeldes com armas e providenciar meios de proteger os civis, além de fazer pressão sobre os países que apoiam o presidente Bashar Al Assad.
O representante das entidades islâmicas ressaltou ainda que, mesmo os ataques militares chamados de “cirúrgicos”, atingem pessoas inocentes. “Quem já sofreu isso, sabe que uma bomba não atinge só o governo. Morrem inocentes e culpados”, disse Hammadeh, que tem parentes e amigos na Síria. Ele teme que o país se transforme em “um novo Iraque ou Afeganistão” e que, com a intervenção, morra na Síria o mesmo número de pessoas mortas pela ação do governo Assad.
Ontem (31), o presidente norte-americano, Barack Obama, disse que os Estados Unidos estão prontos para uma intervenção militar na Síria. “Nossa capacidade de executar essa missão não é sensível ao tempo; será eficaz amanhã, na próxima semana ou daqui a um mês. E eu estou preparado para dar essa ordem.” Obama ressaltou, porém, que vai pedir o aval do Congresso americano, que está em recesso até 9 de setembro.
Obama disse que não espera a concordância de todos os países com a ação militar na Síria, mas pediu que aqueles que estiverem de acordo declarem isso publicamente. Ele afirmou que tomará a decisão mesmo sem aprovação do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
Segundo o presidente americano, o governo sírio cometeu violência contra a dignidade humana e fere a segurança dos Estados Unidos, uma vez que pode estimular o uso de armas químicas e proliferação de grupos terroristas. Obama reforçou que considera o governo sírio responsável pelo ataque ao próprio povo. Ele destacou que os Estados Unidos têm de que agir diante desse ato na Síria, que, conforme relatos de serviços secretos americanos, provocou a morte de mais de mil pessoas, entre elas crianças.
A oposição e países ocidentais acusam o regime de Bashar Al Assad de ter usado gás tóxico no ataque do dia 21 deste mês, nos arredores de Damasco, capital síria. O governo sírio rejeita as acusações e atribui a responsabilidade pelo ataque aos rebeldes.
O conflito na Síria já fez, desde março de 2011, mais de 100 mil mortos e levou o país a ser suspenso dos trabalhos da Liga Árabe.