EUA desmoralizados

Apesar do ultraje de ser espionado, o Congresso se empenha em escalpelar Snowden, que os informou disso. Não há demonstração mais clara de estupidez histórica: querem assassinar o mensageiro

Mural sobre Edward Snowden em Nova Ioruqe (https://secure.flickr.com/photos/squirrel02/)
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Apesar do ultraje de descobrir-se espionado, o Congresso se empenha em escalpelar Snowden, que os informou disso. Não há demonstração mais clara da estupidez histórica do governo dos EUA: querem assassinar o mensageiro Por Paul Craig Roberts, Information Clearing House, em “America Discredited”. Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu, pulbicado em redecastorphoto Com Washington perdendo o poder de mandar no mundo, desafiada por Venezuela, Bolívia, Equador, e agora também pela Rússia, o governo dos EUA recorre já despudoradamente a chiliques de maus modos. As repetidas manifestações de infantilismo, pela Casa Branca e pelo Congresso dos EUA, envergonham todos os norte-americanos. O mais recente surto de comportamento infantilóide em Washington é “resposta” ao Serviço de Imigração da Rússia, que garantiu asilo por um ano ao sentinela-apitador [orig. whistleblower] Edward Snowden, na Rússia, enquanto os russos analisam a possibilidade de conceder-lhe asilo permanente. Washington, depois de já ter convertido os EUA em Estado sem lei, já não sabe, sequer, manter comportamento legal. Lei é o que interesse a Washington. Do ponto de vista de Washington, lei é o desejo de Washington. Qualquer um, pessoa ou país, que interfira no que Washington deseje, é declarado fora da lei. Porque Obama, como Bush antes dele, rotineiramente desobedece à lei norte-americana e à Constituição dos EUA, a Casa Branca meteu-se na cabeça que o presidente Putin da Rússia também teria de desobedecer à lei russa e à lei internacional, cancelar a decisão do Serviço de Imigração da Rússia e entregar Snowden a Washington. Washington quer porque quer que a Rússia lhe entregue Snowden, simplesmente porque Washington assim o “exige”. Como criança de dois anos, Washington simplesmente não concebe que esse tipo de “exigência” não se sobrepõe à lei internacional, nem à legislação interna de cada país. Como a Rússia atrever-se-á a não obedecer à “nação indispensável”?! [caption id="attachment_28303" align="alignright" width="420"] Mural sobre Edward Snowden em Nova Ioruqe (https://secure.flickr.com/photos/squirrel02/)[/caption] O/A porta-voz da Casa Branca, tão inexpressivo/a que não consigo lembrar nem o nome, nem se é homem ou mulher, declarou que o idiota da Casa Branca poderá “castigar” Putin e não aparecer para visitá-lo em Moscou, mês que vem. Duvido que Putin perca o sono, preocupado com se o idiota da Casa Branca aparece ou não aparece em Moscou. O mandato do idiota da Casa Branca está chegando ao fim, mas Putin, a menos que a CIA o assassine antes, continuará em seu posto por mais dez anos. Importante, agora, é que todos os presidentes da Rússia já entenderam que o que o presidente dos EUA diga, não vale coisa alguma. Um Clinton, dois Bushes e o atual idiota da Casa Branca já violaram todos os acordos que Reagan firmou com Gorbatchev. Que interesse teria o presidente da Rússia, nação governada por leis, em encontrar-se com mais um tirano? Para nada ficar a dever ao infantilismo da Casa Branca, membros da Câmara de Representantes e do Senado dos EUA acrescentaram sua pitada de falta de vergonha à vergonha que cobre os norte-americanos. Os idiotas do Congresso “reagiram furiosamente”, segundo os jornais, e alertaram para “graves repercussões que advirão para as relações EUA-Rússia”. Eis mais uma extraordinária demonstração da húbris de Washington. Só a Rússia teria por que se preocupar com “repercussões” nas relações. Washington pode dormir em paz. Sua Majestade Imperial, Barack I simplesmente recusará qualquer pedido de audiência que Putin lhe faça. O Congresso parece nem perceber a própria esquizofrenia. Por um lado, é ultrajado pela espionagem inconstitucional e ilegal mantida pela Agência Stasi de Segurança Nacional dos EUA – espionam até o Congresso! – e tenta cortar os fundos que mantêm o programa de vigilância ilegal da Agência Stasi de Segurança Nacional dos EUA. A emenda do gasto militar apresentada por Justin Amash, Republicano de Michigan, só por um triz não foi aprovada. Foi derrotada por um punhado de votos comprados pela indústria da espionagem. Por outro lado, apesar do ultraje de descobrir-se espionado, o Congresso se empenha em escalpelar o mais bravo herói, Edward Snowden, o homem que os informou de que estavam sendo espionados. Não há demonstração mais clara da estupidez histórica do governo dos EUA: querem assassinar o mensageiro. Só uns poucos doidos de extrema direita ainda creem que a vigilância universal sobre todos os norte-americanos seria necessária para a segurança dos EUA. A Agência Stasi de Segurança Nacional resistirá com fúria e chantageará cada Deputado, cada Senador, mas a própria extensão da chantagem levará algum dia a tosar as asas da Agência Stasi de Segurança Nacional dos EUA. Ou, no mínimo, temos de esperar que as tosem. Se não acontecer assim, a Agência Stasi de Segurança Nacional terá tempo para organizar algum golpe, sob bandeira falsa, que aterrorizará os cordeirinhos eleitos e os porá de joelhos e dará fim a qualquer tentativa para controlar a agência-bandida. Os EUA estão à beira do colapso econômico. A alegada “superpotência”, que hoje já enfrenta a bancarrota, não conseguiu, depois de oito anos de esforços, sequer ocupar o Iraque. E teve de entregar os pontos e desistir. Depois de 11 anos, a “superpotência” foi derrotada no Afeganistão por uns poucos milhares de Talibã e armas leves, e hoje corre à procura de toca onde se esconda, com o rabo entre as pernas. Para compensar a própria impotência militar, Washington dedica-se a cometer crimes de guerra contra civis. Os militares norte-americanos são eméritos matadores de mulheres, crianças, velhos, médicos, enfermeiros e socorristas. O máximo que a “superpotência” pode fazer é disparar mísseis de drones pilotados à distância, contra sítios, pomares de maçãs, cabanas, barracas, escolas e centros médicos. Os cegos esquizofrênicos que governam em Washington fizeram dos norte-americanos um povo odiado em todo o mundo. Os que ainda conseguem ver o suficiente para tentar escapar à tirania crescente também sabem que, onde quer que consigam esconder-se, ali também serão vistos como filhos da mais odiada nação do mundo, caçados onde apareçam, como espiões e bodes expiatórios e influência nefanda, sempre ameaçados de serem dizimados em represália contra a mais recente atrocidade ordenada por Washington. Washington destruiu todo o futuro de todos os norte-americanos, em casa e em todo o mundo.
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[*] Paul Craig Roberts (nascido em 3 de abril de 1939) é um economista norte-americano, colunista do Creators Syndicate. Serviu como secretário-assistente do Tesouro na administração Reagan e foi destacado como um co-fundador da Reaganomics. Ex-editor e colunista do Wall Street Journal, Business Week e Scripps Howard News Service. Testemunhou perante comissões do Congresso em 30 ocasiões em questões de política econômica.
Durante o século XXI, Roberts tem frequentemente publicado em Counterpunch, escrevendo extensamente sobre os efeitos das administrações Bush (e mais tarde Obama) relacionadas com a guerra contra o terror, que ele diz ter destruído a proteção das liberdades civis dos americanos da Constituição dos EUA, tais como habeas corpus e o devido processo legal. Tem tomado posições diferentes de ex-aliados republicanos, opondo-se à guerra contra as drogas e a guerra contra o terror, e criticando as políticas e ações de Israel contra os palestinos.