Apesar de diminuição, mutilação genital ainda afeta milhões de meninas

Segundo relatório do Unicef, mais de 30 milhões na África e Oriente Médio poderão sofrer mutilação genital em dez anos

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Segundo relatório do Unicef, mais de 30 milhões na África e Oriente Médio poderão sofrer mutilação genital em dez anos

Do Opera Mundi

Uma tradição centenária em vários países da África e do Oriente Médio tem encontrado menos adeptos nos últimos anos. A mutilação genital em mulheres e meninas encontra cada vez mais resistência na sociedade, mesmo que ainda seja um procedimento largamente difundido em países da região. De acordo com o estudo Mutilação/Corte Genital Feminino: Uma Visão e Exploração Estatística das Dinâmicas de Mudança, do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), um número cada vez maior de mulheres e meninas se opõe à mutilação.

Em algumas comunidades, a MGA, também conhecida como circuncisão feminina, é vista como um ritual tradicional usado culturalmente para assegurar a virgindade e para aumentar as chances de casamento de uma mulher. Tipicamente envolve procedimentos que alteram ou ferem os órgãos genitais femininos e frequentemente são realizados por circuncisadores tradicionais, que desempenham outros papéis centrais nas comunidades. Os riscos relacionados à MGA incluem hemorragia, problemas para urinar, infecção, infertilidade e maior risco de morte de recém-nascidos no parto.

Em países como Benin, Gana, Togo e Iraque, a grande maioria de mulheres ouvidas, entre 15 e 49 anos de idade, acredita que o procedimento deve acabar. Famílias passaram a apoiar as filhas, no intuito de não se submeterem à mutilação. Em países como o Quênia e a Tanzânia, mulheres de 45 a 49 anos têm aproximadamente três vezes mais chances de se submeter ao procedimento do que adolescentes de 15 a 19 anos. Fato que indica uma mudança de comportamento dessas comunidades nos últimos anos. No Benin, Iraque e na Nigéria, dentre outros países, o número de mutiladas caiu pela metade entre as adolescentes.

A mutilação ou o corte, de acordo com o estudo, estão intimamente ligados a grupos étnicos, sugerindo certas normas sociais dessas comunidades, ou religiosas. Mais de 50% das garotas e mulheres consultadas consideram as mutilações uma exigência religiosa.

O estudo lembra que a remoção de partes da genitália feminina foi considerada uma violação aos direitos humanos em 1993, na Conferência Mundial de Direitos Humanos, em Viena.

Vítimas

Ainda de acordo com a pesquisa, mais de 30 milhões de meninas correm risco de ser submetidas à mutilação genital feminina. Segundo o Unicef, mais de 125 milhões de meninas e mulheres vivas ainda hoje foram submetidas ao procedimento agora banido na maioria dos países onde antes era praticado.

Para a vice-presidenta executiva da Unicef, Geeta Rao Gupta, é preciso ouvir as vozes da população sobre o assunto. “A mutilação genital feminina é uma violação dos direitos das mulheres à saúde, ao bem-estar e à autodeterminação. O que está claro neste estudo é que a legislação sozinha não é o suficiente. O desafio agora é deixar meninas, mulheres, rapazes e homens falarem alto e claro e declararem que querem o abandono dessa prática nociva”.

* Com informações da EBC  e BBC Brasil

(Imagem de capa: Unicef)