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Roberto Calderoli, vice-presidente do Senado, comparou Cecile Kyenge, primeira ministra negra na história da Itália, a um orangotango. Episódio levantou uma onda de indignação no país
Por Esquerda.net
O vice-presidente do Senado, membro do partido de extrema-direita Liga do Norte, Roberto Calderoli, conhecido pelas suas opiniões racistas, defendeu durante um reunião do seu partido em Treviglio, no norte de Itália, que a ministra de origem congolesa, Cecile Kyenge, “faz bem em ser ministra, mas deveria sê-lo no seu país (…) eu consolo-me quando navego na internet e vejo as fotos do governo. Adoro animais (…) mas quando vejo fotos de Kyenge, não posso deixar de pensas nas suas semelhanças com um orangotango, mesmo que eu não diga que ela seja um deles”.
As declarações ganharam imediata repercussão nas redes sociais, tendo provocado uma gigante onda de indignação.
[caption id="attachment_26971" align="alignleft" width="400"] Cecile Keyenge, primeira ministra negra do país, ocupa a pasta de ministra da Integração[/caption]
No domingo passado, através de um comunicado oficial, Enrico Letta, primeiro-ministro italiano, reagiu dizendo que “as palavras que apareceram hoje na imprensa e atribuídas ao senador Calderoli sobre Cecile Kyenge são inaceitáveis e ultrapassam qualquer limite”.
Expressou ainda a “sua plena solidariedade e apoio a Cecile”. O presidente do Senado, Pietro Grasso, exigiu desculpas formais de Calderoli.
Cecile, ministra da Integração, prestou declarações no domingo à agência de notícias Ansa: “não tomo pessoalmente as palavras de Calderoli, mas elas entristecem-me por causa da imagem que dão à Itália". "Eu acredito que todas as forças políticas devem ter em consideração o uso que fazem da comunicação".
Já em 2006, Calderoli foi obrigado a renunciar ao cargo de ministro no Governo de Berlusconi, por se exibir em público com uma camiseta anti-islã com alusões a Maomé.
Desde que foi nomeada, Kyenge teve que enfrentar várias manifestações hostis por parte da Liga do Norte, partido aliado do Povo da Liberdade do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi.
A ministra, desde a tomada de posse em abril, foi alvo de várias agressões verbais e de ameaças de morte colocadas em sites de extrema-direita e na sua página oficial na rede social Facebook.