Em documento confidencial, instituição financeira indica que esperava resultados melhores na economia do país até 2012
Do Opera Mundi
[caption id="attachment_24748" align="alignleft" width="300"] Gregos protestam contra medidas de austeridade impostas ao país (Foto: Agência Lusa)[/caption]O FMI (Fundo Monetário Internacional) admitiu nesta quarta-feira (05/06) ter cometido “erros notáveis” no planejamento de concessão de empréstimos para minimizar a crise econômica na Grécia. A instituição também diz ter subestimado os efeitos negativos das políticas de austeridade no país.
As informações estão contidas em um documento “estritamente confidencial” ao qual The Wall Street Journal teve acesso. Durante os últimos três anos, afirmou-se que a dívida grega era sustentável, mas, segundo o documento, as incertezas que rondavam os planos da troika (que, além do FMI, também inclui Comissão Europeia e Banco Central Europeu) eram “significativas”.
"Houve notáveis erros. A confiança dos mercados não foi restaurada, o sistema bancário perdeu 30% dos depósitos e a economia enfrentou uma recessão muito mais profunda que o previsto, com um desemprego excepcionalmente alto", indica o FMI. Nos primeiros cálculos da organização dirigida por Christine Lagarde, a economia grega sofreria contração de 5,5%, quando na verdade se retraiu 17% entre 2009 e 2012, e o desemprego previsto foi de 15%, mas alcançou 25% no ano passado.
O FMI liberará uma versão pública do documento nesta quinta-feira (06/06), na qual também afirmará que a resposta aos problemas da Grécia deu tempo para impedir a queda dos outros 17 países que adotam a moeda única na Europa. Com isso, admite que quem mais se beneficiou com os empréstimos foi o conjunto da zona do euro, não a Grécia.
O texto ainda reconhece que o fundo foi otimista em relação às perspectivas que o governo grego tinha de retornar ao financiamento de mercado, assim como sobre sua capacidade política de cumprir todas as exigências da troika.
Além disso, no informe aparecem críticas à Comissão Europeia, que teria apresentado “pouco êxito” na hora de implementar as medidas e não teria “experiência em gestão de crises”.
Por outro lado, o documento afirma que nenhum dos membros da troika considerava o acordo com a Grécia “ideal” e que havia “agudas diferenças de opinião”, especialmente no que se refere às previsões de crescimento.